
Ainda com quase metade de setembro pela frente, o Pantanal já bateu o recorde histórico de queimadas para todo o mês. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 5.603 focos de calor detectados em 16 dias, contra 5.498 registrados no mês inteiro de setembro em 2007 – o recorde para o mês até este ano.
Pelo ritmo diário de registro de fogo, setembro de 2020 será, com folga, o mês com o maior número de queimadas em toda a história no Pantanal. Em comparação a 2019, quando setembro teve 2.887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 94%.
O fogo já destruiu o maior refúgio de araras-azuis do mundo e ameaça áreas com onças pintadas, apesar da proibição de queimadas no bioma e na Amazônia, decretada no Diário Oficial da União em 16 de julho.
O negacionismo do governo
O presidente Jair Bolsonaro, porém, afirmou na quarta-feira (15) que há “críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal”.
“O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente, e alguns, não entendem como, é o país que mais sofre ataques vindo de fora, no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns pela maneira como preserva o seu meio ambiente”, disse Bolsonaro.
Seguindo a mesma linha, o o vice-presidente e chefe do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão, afirmou que funcionários do Inpe fazem oposição ao governo. Embora os dados do órgão sejam abertos ao público e atualizados diariamente, o general reclamou que dados positivos sobre a diminuição de focos de queimadas não são divulgados.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atribuiu a explosão de queimadas em 2020 à falta de manejo de fogo nos dois últimos anos. Segundo ele, sem apresentar provas, o manejo não teria ocorrido por questões ideológicas.
“Por questões ideológicas, por questões administrativas, não se permitiu lá no Pantanal que eles fizessem o manejo adequado do fogo no momento correto. Juntou muito material orgânico, então, quando pega fogo, pega fogo de maneira descontrolada.”
O ano de 2019, contudo, está entre os três com o maior número de queimadas já registrado no bioma, com diversos meses com focos de calor acima da média do período.
Ação humana
De acordo com a Polícia Federal (PF), que investiga os incêndios na região, os focos junho e julho “não têm como não terem sido ocasionados por ação humana”. Em entrevista à CNN Brasil, o delegado Daniel Rocha afirmou que quatro proprietários estão sendo investigados.
Na Califórnia, que vive um ano de fogo histórico, a situação é distinta. Mesmo com parte dos focos de incêndio provocados também por ação humana, não há relação com atividade agropecuária. Um dos grandes incêndios florestais no estado americano, por exemplo, foi causado por uma pirotecnia usada em um “chá revelação”.
Com informações da Folha de S.Paulo