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Durante a tradicional live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou a transmissão desta quinta-feira (1º) para negar que tenha procurado politizar as Forças Armadas, atacou governadores e prefeitos que têm adotado medidas restritivas para conter o avanço da pandemia da Covid-19 e voltou a defender o “tratamento precoce” e sem eficácia comprovada contra a doença.
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Diante da crise que provocou nesta semana ao trocar toda a cúpula militar do país, Bolsonaro recorreu aos governos do PT para se defender e negar que esteja politizando as Forças Armadas. Ele citou os ministros da Defesa do governo Dilma Rousseff (PT) com filiação política: o hoje senador Jaques Wagner (PT-BA) e Aldo Rebelo, que à época era filiado ao PC do B e hoje está no Solidariedade.
“Houve uma especulação enorme da mídia. ‘Está politizando, quer fazer isso, quer fazer aquilo’. Curiosidade: quem era e quem é o atual ministro da Defesa? Ambos são generais do Exército do último posto da carreira, generais de quatro estrelas.”
Jair Bolsonaro
O presidente comentou que apenas ele e o novo titular do Ministério da Defesa, Walter Braga Netto, sabem o motivo da troca no comando da Defesa, mas não entrou em detalhes. Disse ainda que a história estava encerrada e que não teria nada o que ser discutido.
O presidente também queixou-se de generais da reserva que, nos últimos dias, criticaram a forma como as mudanças ocorreram. No início da semana, o presidente demitiu o general Fernando Azevedo do cargo de ministro da Defesa, pois não via o apoio a ideias intervencionistas que gostaria entre os fardados da ativa. Em seu lugar, colocou seu então ministro da Casa Civil, Braga Netto.
A saída de Azevedo foi seguida imediatamente pela renúncia coletiva dos comandantes do Exército, Edson Leal Pujol, da Marinha, Ilques Barbosa, e da Aeronáutica, Antônio Carlos Bermudez, que acabaram demitidos por Braga Netto. Eles foram substituídos pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Exército), pelo almirante Almir Garnier (Marinha) e pelo brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr. (Aeronáutica).
Bolsonaro diz atuar “nos limites da Constituição“
Diante do temor de que as mudanças provoquem um rompimento institucional como um golpe militar, Bolsonaro reiterou que atua nos limites da Constituição.
“Sempre falei para todos os meus ministros: onde é nosso jogo? Nosso jogo é dentro das quatro linhas da Constituição. Não vamos sair deste retângulo ou deste quadrado. E também devemos nos preocupar com quem está jogando fora deste quadrado, que está agindo de forma errada.”
Ataque a medidas contra a Covid-19
O presidente, porém, voltou a falar em “meu Exército” para se posicionar contra medidas restritivas adotadas em alguns estados e municípios para conter a pandemia com detenção para quem descumpre as regras.
“Isso é um crime que está acontecendo. Agora, isso vai ter um limite um dia. Não pode continuar acontecendo essas coisas e nós assistindo passivamente isso daí”, afirmou. “O meu Exército brasileiro não vai às ruas para agir contra o povo ou para fazer cumprir decretos de governadores ou prefeitos. Não vai. O meu Exército, enquanto eu for presidente, não vai. O que estão esperando acontecer?”
O mandatário também atacou governadores que adotam medidas restritivas, em especial o do Piauí, o petista Wellington Dias, que divulgou vídeo em que cobra a volta do pagamento do auxílio emergencial, que já foi de R$ 600, e agora vai variar de R$ 150 a R$ 375. Em resposta, Bolsonaro afirmou que Dias está acabando com o emprego no estado.
“Então, Wellington Dias, como tem material da imprensa aqui dizendo que o teu estado está superavitário, que todos os estados estão superavitários, você poderia criar um complemento ao auxílio emergencial. Nós estamos dando R$ 250, você dá mais R$ 350 e chega nos R$ 600.”
O chefe do Executivo afirmou que a proposta do governo federal é pagar o auxílio durante quatro meses. Disse ainda que Dias, a partir de agosto e setembro, poderia pagar o auxílio de R$ 600 para o povo cearense. Imediatamente após as críticas, o presidente afirmou que “o que eu mais quero aqui é paz e harmonia com todos os governadores, sem exceção”.
Sem apresentar provas, o presidente afirmou que prefeitos e governadores usaram recursos repassados pelo governo federal para o combate à Covid-19 para “colocar as contas em dia”.
Vacinação de 1 milhão de brasileiros
Bolsonaro usou a live também para insistir em tratamento precoce e colocar em dúvida quando irá tomar a vacina contra Covid-19. No Distrito Federal, a imunização de pessoas com 66 anos, idade do presidente, começa neste sábado (3).
“Depois que o último brasileiro for vacinado, se estiver sobrando uma vacina, daí eu vou decidir se vacino ou não.”
Bolsonaro prometeu vacinar um milhão de brasileiros por dia já “nos próximos dias”. “Pretendemos ao longo dos próximos dias aplicar um milhão de doses por dia no Brasil”, afirmou.
Desde o início da vacinação no fim de janeiro, foram 17,6 milhões de pessoas vacinadas, 8,32% do total da população brasileira. Mesmo com o número muito aquém do tamanho da população, de 211,8 milhões de habitantes, o presidente voltou a repetir que o País está entre os melhores no ranking da imunização no mundo. “O Brasil está entre os 10 países em números absolutos em que mais se aplica a vacina”, insistiu.
Com informações da Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo