As retiradas dos assessores coincidiram com períodos nos quais, segundo o MP do Rio, Flávio pagou apartamentos usando dinheiro em espécie
Ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) investigados pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) sacaram, em dinheiro vivo, pelo menos R$ 7,2 milhões, afirma reportagem do Estadão. As retiradas correspondem a 60% do que os servidores receberam dos cofres públicos fluminenses.
O valor é referente aos saques de 24 ex-funcionários do atual senador, quando ele era deputado estadual no Rio, e exclui valores sacados pelo operador do suposto esquema, o ex-assessor Fabrício Queiroz.
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O principal caso apontado pelo MP até agora é o da compra de dois imóveis em Copacabana, na zona sul do Rio, em dezembro de 2012. Flávio, segundo as investigações, teria pagado, “por fora”, R$ 638,4 mil ao corretor, enquanto os registros oficiais da compra mostram o valor de R$ 310 mil. Um ano depois da compra, o parlamentar revendeu os imóveis por R$ 813 mil.
“Essa prática de subfaturamento de registros imobiliários na compra possibilita a simulação de ganhos de capital em patamares expressivos na ocasião da revenda, razão pela qual é instrumento corriqueiramente utilizado para lavagem de capitais já catalogado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e pelos principais organismos internacionais”, diz a Promotoria na investigação.
Grupos
Conforme separação da Promotoria, os assessores pertencem a três grupos: 12 são ligados a Queiroz por graus de parentesco ou vizinhança; dez são familiares de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-mulher de Jair Bolsonaro; e dois são parentes do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em fevereiro na Bahia.
Seis dos familiares de Ana Cristina retiravam em dinheiro mais de 90% do que recebiam e residiam a cerca de duas horas e meia de carro da Alerj, onde deveriam, em tese, trabalhar. Flávio sempre alegou que eles não precisavam exercer as funções presencialmente.
Já os funcionários ligados a Queiroz, além dos saques, tinham a prática de transferir ou depositar diretamente para ele os próprios salários. Nathália Melo de Queiroz, que também trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, repassou ao pai R$ 633 mil dos R$ 774 mil que recebeu da Alerj. Marcia Oliveira de Aguiar depositou na conta do marido R$ 445 mil do R$ 1,2 milhão que recebeu e sacou em dinheiro vivo R$ 423 mil.
Defesa de Flávio
A defesa do filho 01 de Jair Bolsonaro afirmou que todas as suas operações financeiras citadas na investigação ocorreram dentro da lei e afirmou que o senador já se esclareceu.
“Todas as operações financeiras do senador Flávio Bolsonaro e de seus familiares estão dentro da lei. As informações sobre as compras e vendas de imóveis foram detalhadas junto ao Ministério Público e todas os esclarecimentos já foram dados”, diz a nota de Flávio.
No entanto, em trechos vazados do depoimento de Flávio ao MP, o parlamentar afirmar apenas não lembrar dos saques.
Com informações do Estadão