
Após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) voltou nesta quinta-feira (18) a exercer o cargo. A informação está disponível no sistema do Senado, onde Rodrigues já aparece como parlamentar “em exercício”.
Em outubro do ano passado, o ministro havia determinado o afastamento do senador depois que a Polícia Federal (PF) apreendeu R$ 33,1 mil escondidos na cueca do parlamentar. O retorno coincide com o fim da licença de 121 dias requerida após o escândalo. Pela legislação, no entanto, ele pode pedir um novo período fora do cargo, o que não ocorreu até o momento.
Dinheiro na cueca
Na decisão, Barroso manteve o afastamento do senador da Comissão que discute destinação de valores para combate à crise sanitária. Isso porque Chico Rodrigues foi pego com dinheiro entre as nádegas durante a Operação Desvid-19, que apura esquema de desvio de verbas públicas de emendas parlamentares que eram destinadas ao combate à pandemia em Roraima, no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde. Ele era alvo de busca e apreensão.
Conforme relatório da PF, Chico estava com R$ 15 mil “no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas”, e mais R$ 18.150 nas vestes íntimas. Em sua decisão, Barroso “levou em consideração que não há fatos recentes que justifiquem uma nova decisão de afastamento do mandato”.
Também foi considerado o fato de não haver, até o presente momento, denúncia por parte do Ministério Público. Assim, o ministro entendeu que não há indícios de que o senador possa prejudicar o andamento das investigações.
Barroso pontuou ainda que pode rever a decisão, “caso sobrevenha notícia de alguma irregularidade”. Sobre o impedimento de que ele volte à comissão, o ministro pontuou que “seria um contrassenso permitir que o investigado pelos supostos desvios viabilizados pela atuação na comissão parlamentar voltasse a nela atuar no curso da investigação”, afirmou.
Investigação e repercussão
Apesar do retorno, o senador segue investigado por suposta participação em esquema de fraude e dispensa de licitações, peculato e organização criminosa voltada ao desvio de recursos federais destinados ao combate da pandemia em Roraima.
Na época da operação, o senador era vice-líder do governo. Ele empregava em seu gabinete Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, que é primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro — do senador Flávio (Republicanos-RJ), do deputado Eduardo (PSL-SP) e do vereador do Rio de Janeiro Carlos (Republicanos) —, chamados pelo presidente de 01, 02 e 03, respectivamente.
O caso teve ampla repercussão, mas o movimento no Senado foi no sentido de deixar as coisas esfriarem, com a possibilidade de salvar o mandato do senador e, ao mesmo tempo, evitar que parlamentares tivessem que votar um afastamento do colega ou mesmo tenham que defendê-lo publicamente.
Foi feita uma representação contra o senador no Conselho de Ética, mas os trabalhos estavam suspensos por uma resolução da mesa diretora desde o primeiro semestre, em razão da pandemia. Até hoje, não houve apreciação do caso no Conselho.
Com informações do Correio Braziliense