O ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino (PSB) que coordena o grupo de transição de Justiça e Segurança Pública, afirmou que os bloqueios orçamentárias impostas pelo governo Bolsonaro (PL) podem prejudicar a cerimônia de posse do presidente eleito Lula (PT). De acordo com ele, a Polícia Federal (PF) não tem verba para custear diárias de todos os agentes necessários para garantir, por exemplo, a segurança de chefes de Estado estrangeiros que deverão comparecer ao evento.
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A estimativa do governo de transição é de que seja necessária a recomposição de R$ 200 milhões ainda neste ano para garantir serviços básicos da PF e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de R$ 500 milhões no ano que vem.
“O quadro é que não tem diária hoje nem na Polícia Federal, nem na Polícia Rodoviária Federal. É muito difícil prover segurança se não houver recomposição imediata dos recursos para diárias, porque é preciso mobilizar um contingente adicional num evento como a posse”, criticou em entrevista para o jornal O Globo.
Dino afirmou ainda que o delegado da Polícia Federal, Andrei Passos, responsável pela segurança de Lula até o dia 1º de janeiro, manifestou preocupação e tem feito contato com o governo do Distrito Federal para reforçar o policiamento durante a posse.
“A segurança dos chefes de estado, chefes de governo depende da ação da Polícia Federal. Estamos falando disso: segurança aos visitantes estrangeiros e ao próprio evento no Congresso e no Palácio do Planalto”, disse.
Caso não haja a recomposição orçamentária demandada, Dino avalia que seria necessário trabalho voluntário por parte dos policiais. Ele pondera, contudo, que, apesar se preocupante, o problema não põe em risco da realização da cerimônia.
“Provavelmente, os policiais vão ter que trabalhar voluntariamente para receber posteriormente as diárias. Não vemos isso como impedimento (para realização da posse), é um embaraço”, finalizou.
Dino com as forças policiais e a melhora na relação com governo eleito
Na última quarta-feira, o socialista se reuniu com secretários de segurança e comandantes das polícias de diversos estados para discutir os problemas na área. De acordo com Dino, comandantes das Polícias Militares chegaram a perguntar se Lula acabaria com as PMs.
O senador eleito afirmou que o clima com as forças de segurança melhorou significativamente em comparação com o período eleitoral e que a reunião foi útil para desmentir algumas visões sobre o governo eleito.
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Em função da relação próxima do presidente Jair Bolsonaro com o setor, a interlocução com as polícias chegou a ser uma preocupação de petistas durante a campanha. Entre o fim do ano passado e o início deste, manifestações políticas de policiais militares incomodaram governadores e geraram temor de uma participação mais ostensiva durante o pleito.
Em São Paulo, por exemplo, a PM apertou as regras e editou uma nova portaria coibindo este tipo de posicionamento. Em setembro do ano passado, um coronel da PM do estado foi afastado após convocar manifestantes a comparecerem a atos pró-Bolsonaro.