O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou em suas redes sociais na manhã desta quarta-feira (22), que determinou a abertura de um inquérito da Polícia Federal (PF) para “ampliar a colaboração federal” nas investigações sobre a organização criminosa que assassinou a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes.
O assassinato da vereadora e seu motorista ocorreu em março de 2018. Quase cinco anos após o crime, os mandantes e as motivações não foram identificados.
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Foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) até agora Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz como os assassinos de Marielle e de Anderson. Os dois estão presos.
“A fim de ampliar a colaboração federal com as investigações sobre a organização criminosa que perpetrou os homicídios de Marielle e Anderson, determinei a instauração de Inquérito na Polícia Federal. Estamos fazendo o máximo para ajudar a esclarecer tais crimes”, escreveu Dino.
A fim de ampliar a colaboração federal com as investigações sobre a organização criminosa que perpetrou os homicídios de MARIELLE e ANDERSON, determinei a instauração de Inquérito na Polícia Federal. Estamos fazendo o máximo para ajudar a esclarecer tais crimes. pic.twitter.com/iuT6AXOXjL
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) February 22, 2023
Delegado Guilhermo Catramby
O delegado Guilhermo Catramby vai conduzir o inquérito na Polícia Federal, de acordo com a portaria publicada pelo ministério.
Flávio Dino anunciou na semana passada que a PF apoiaria as investigações sobre as mortes de Marielle e Anderson.
O ministro informou que foi costurado um acordo entre Polícia Federal e Ministério Público do Rio de Janeiro para que haja cooperação entre os órgãos na investigação.
Revelado telegrama estarrecedor do governo Bolsonaro sobre caso Marielle
Um telegrama emitido pela Embaixada do Brasil na França com destino ao Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), tratando do caso Marielle Franco, vereadora carioca assassinada por milicianos em março de 2018, foi revelado pela CNN Brasil nesta sexta-feira (17) e gerou indignação pelo tom grotesco utilizado pelo embaixador Luís Fernando Serra. A emissora teve acesso ao documento usando como base a Lei de Acesso à Informação (LAI).
Em janeiro de 2020, um deputada francesa do Partido Socialista, Christine Pirès Beaune, questionou a representação diplomática brasileira em Paris sobre o andamento das investigações do caso que acabou com o assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes. Àquela altura, dois PMs, Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, já tinham sido presos como executores do duplo homicídio, embora até hoje os mandantes do crime nunca tenham sido descobertos.
Indignado com as perguntas da parlamentar francesa e reproduzindo um bizarro discurso bolsonarista, o embaixador Serra informou ao Planalto que “protestou” na resposta dada à política europeia, inclusive “argumentando” que a França “nunca se preocupou com o caso Celso Daniel ou com a facada dada em Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018”.
“Fiz constar nas missivas minha profunda indignação com tratamentos tão díspares em relação a crimes sobre os quais as investigações tinham chegado a conclusões similares (…) Deixei registrado que estes dois crimes (casos Celso Daniel e da facada em Bolsonaro), tão graves quanto aqueles com os quais as parlamentares muito se preocupam, não tinham delas recebido qualquer manifestação”, escreveu o diplomata no telegrama enviado ao Palácio do Planalto.