
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), participou nesta terça-feira (17) de uma reunião virtual com integrantes do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Durante o encontro, Dino afirmou ser preciso “separar o joio do trigo” nas Forças Armadas, distinguindo a atitude golpista de alguns de seus integrantes e a postura “legalista” da instituição como um todo.
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“O que faço questão de destacar é que nós temos que, institucionalmente, separar o joio do trigo, distinguir o que é postura de membro das instituições e o que é a postura da instituição. Nesse sentido, tenho sublinhado que as Forças Armadas foram, como instituição, profundamente instadas a fazer um golpe de estado e não deram — como instituição —, e me refiro a antes e depois da posse.
Em outro momento, o ministro declarou que apesar dos levantes golpistas como em 8 de janeiro, as Forças Armadas manteram o caráter “majoritariamente legalistas“.
“Então há muitos ‘contudos’, ‘todavias’ e ‘entretantos’ em relação ao papel de vários integrantes das corporações armadas, mas institucionalmente as Forças Armadas objetivamente, até aqui, foram majoritariamente legalistas. Considerando a instituição, não é correto neste momento dizer que as Forças Armadas são globalmente golpistas. Pelo contrário. Acho que elas têm se comportando, até este dia 17 de janeiro, de modo mais legalista do que golpista”, argumentou.
Dino também ressaltou que os atentados terroristas promovidos por bolsonaristas em Brasília foram “fruto de infiltração dentro das instituições” e destacou que “uma parte significativa do aparato de segurança ou se omitiu ou concordou com o que acontecia”.
“Há um encadeamento entre os quatro anos do bolsonarismo e o que nós vimos no dia 8 de janeiro. O dia 8 de janeiro não foi algo que surgiu por geração espontânea, fruto apenas do desatino de centenas ou poucas milhares de pessoas. Isso é uma violência ínsita à extrema direita que veio cumulativamente se manifestando, até chegar nessa explosão mais evidente”, concluiu.
O socialista também lembrou dos episódios de violência após a vitória do presidente Lula (PT) durante o período eleitoral, como o fechamento de estradas por bolsonaristas, instigação política contra a diplomação da chapa Lula eAlckmin no dia 12 de dezembro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), planejamento do estado de defesa no TSE, tentativa de atentado a bomba no dia 24 de dezembro, ameaças à posse do presidente e, finalmente, o 8 de janeiro.