
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), avisou a aliados que desistiu de concorrer à Presidência da República e, por isso, não deve renunciar ao cargo nesta quinta-feira (31), como previsto. De acordo com fontes, Doria já comunicou a decisão ao vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que assumiria o comando do estado nos próximos dias para tentar reeleição em outubro.
O ex-governador de São Paulo e presidente da Fundação João Mangabeira (FJM), Márcio França (PSB), comentou nesta manhã sobre a desistência do tucano. “Olha, é Doria sendo Doria, nada de novo (…) Ele vai dizer que vai ficar no cargo pra São Paulo se livrar dos socialistas e dos bolsonaristas, que só ele tem condição, porque de verdade ele é mais competitivo (…) ele consegue travar a subida do Tarcísio“, disse o ex-governador à Rádio Bandeirantes.
O socialista também afirma que a decisão de João Doria de abandonar a pré-candidatura vai “dar ainda mais gás” para a sua campanha ao governo do estado. “Com isso, eu me fortaleço. Agora que eu não largo mão da minha candidatura mesmo, eu sou o “anti-Doria” e ele vai ser candidato a governador. Pra cima deles”, declarou.
Para o jornal o Globo, França diz ter certeza que o movimento do governador de São Paulo será o de tentar a reeleição e que seu nome é o mais forte dentro da esquerda para derrotá-lo numa eventual disputa em segudo turno em detrimento do de Fernando Haddad (PT).
O pré-candidato socialista afirmou, ainda, estar recebendo ligações de deputados do PSDB declarando que, caso Doria confirme a permanência no governo para tentar a reeleição, migrarão para o PSB. Os parlamentares, inclusive da base aliada do governo, já estariam ameaçando um impeachment de Doria na Assembleia Legislativa, disse França.
Grande parte dos tucanos e outros partidos aliados é próxima ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), e veem o possível movimento de Doria como ‘inaceitável traição‘.
Acordo firmado com o PT
Sobre a eleição paulista, França afirma que tem um acordo com o Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann de apoiar o nome mais forte nas pesquisas de maio entre ele e Haddad. “Lula e Gleisi foram comunicados e aceitaram a minha proposta. Quem tiver o nome mais competitivo nas pesquisas de maio será apoiado. Combinamos que a pergunta ao eleitor seria “votaria com certeza e/ou poderia votar”. Lula aceitou a proposta e ficou de marcar só a data da pesquisa”, disse.
França diz que pesquisas já indicam que o seu nome é o mais forte para a disputa mesmo antes da desistência de Doria de se lançar à Presidência.
“Eu tenho sete pesquisas diferentes onde eu figuro na frente dele (Haddad). Mas se até maio ele passar, eu cumpro o acordo. Só espero que ele cumpra de sua parte também. A minha crença é que eu tenho a somatória de voto com certeza e poderia votar, isso me coloca na frente. Dessa maneira, eu não vou retirar a minha candidatura porque eu vou ganhar”, reiterou para o Globo.