As gigantes da tecnologia, apesar da crise sanitária com o coronavírus, seguem lucrando. Ao contrário da economia tradicional, fortemente impactada negativamente pela pandemia da Covid-19, big techs fecharam os três primeiros meses do ano com lucro. Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google concluíram nesta semana a divulgação dos balanços financeiros do primeiro trimestre de 2021 com ganhos robustos .
O grupo, conhecido como FAANG, reportou lucro somado entre as empresas de US$ 60,8 bilhões nos primeiros três meses deste ano. O único resultado considerado abaixo das expectativas dos analistas foi o da Netflix, que frustrou suas próprias projeções de novos assinantes (apenas 3,98 milhões dos esperados 6,2 milhões), o restante teve resultados acima das expectativas.
Gigantes de tecnologia lucram na pandemia
A Netflix, plataforma de streaming, foi a primeira do grupo a apresentar os números no dia 21 de abril, com lucro líquido de US$ 1,7 bilhão. Já Alphabet, controladora do Google, registrou US$ 17,9 bilhões em lucro no primeiro trimestre de 2021, marcando os três meses mais rentáveis da história da empresa.
Na última quarta-feira (28), Apple e Facebook divulgaram os resultados do primeiro trimestre. O lucro da criadora do iPhone foi de US$ 23,63 bilhões. O Facebook, beneficiado pelas vendas de anúncios, registrou alta anual de seu lucro líquido para US$ 9,5 bilhões.
Para completar as FAANG, a Amazon divulgou resultado na última quinta-feira (29), após o fechamento do mercado. A companhia de Jeff Bezos conseguiu triplicar seu lucro para US$ 8,1 bilhões e acumulou receita de US$ 108,52 bilhões, ante expectativa de US$ 104,47 bilhões.
O mercado de ações dessas gigantes da tecnologia foi facilitado recentemente para os brasileiros com a estreia do primeiro fundo de investimentos ETF (em inglês Exchange Traded Funds) internacional na Bolsa de Valores do Brasil, com foco em empresas de tecnologia, que ocorreu na quarta-feira (28). Chamado de It Now Tech, o fundo de índice permite que brasileiros comprem cotas para investir nas big techs.
Monopólio é tema de debates internacionais
As big techs escalaram de forma muito rápida e dinâmica, criando grandes monopólios em suas áreas, dominando o mercado com produtos que são utilizados por bilhões de pessoas. O Facebook, por exemplo, conta com cerca de 3 bilhões de usuários ativos nas suas plataformas, o que representa quase metade da população mundial.
A forma como as empresas agem para manter sua expansão e garantir o monopólio, porém, tem sido investigada. Nos Estados Unidos, o presidente da Comissão Antitruste, David Cicilline, declarou que na sua opinião as techs detém muito poder.
“Seja privilegiando-se, estabelecendo preços predatórios ou levando os usuários a comprar produtos adicionais, as plataformas dominantes exerceram de forma destrutiva e prejudicial seu poder de expansão.”
David Cicilline
O poder sobre as escolhas dos usuários também está em pauta nos debates sobre as empresas. A questão principal é que, detendo monopólio das plataformas e influenciando o usuário a consumir determinadas informações e produtos, seriam sanadas as necessidade da empresa, mas não necessariamente as do usuário.
Um exemplo disso é o Google, que foi multado em 2,4 bilhões de euros pela Comissão Europeia por abuso de poder econômico, após receber denúncias de outras empresas por prejudicá-las em seus mecanismos de buscas. Para a comissária antitruste, Margrethe Vestager, o Google tem abusado da sua posição dominante no mercado na vertente de motor de busca e “promovendo o seu próprio serviço nos seus resultados de pesquisa e despromovendo os dos concorrentes.”
Uso de dados de usuários
Outro ponto que toma as discussões sobre o poder das techs é a utilização dos dados de usuários a que as empresas tem acesso. Trata-se de muito mais que dados pessoais como nome, telefone ou e-mail, mas de dados extraídos a partir do comportamento do usuário mas redes. Esses dados tem sido utilizados não apenas como aprimoramento comercial, mas também no âmbito político.
Um caso que levantou o debate sobre o assunto ocorreu durante as eleições de 2016 dos Estados Unidos, que culminou com a vitória de Donald Trump. A consultoria Cambridge Analytica, utilizou dados obtidos com 87 milhões de usuários do Facebook para saber qual era o tipo de abordagem que deveria ter sobre determinado perfil de pessoa, mas também politicamente. A mesma estratégia já tinha sido utilizada no Brexit, plebiscito que culminou na saída do Reino Unido da União Europeia.
Legislação brasileira de controle de dados
Mundialmente, governos decidiram criar formas para regulamentar essas companhias. Entre os pontos em discussão estão: a questão comercial dos monopólios, a proteção de dados dos seus cidadãos, o debate sobre censura e fake news, assim como a questão fiscal. No Brasil, existe a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor em 2020.
A lei determina possíveis sanções às companhias que não se comportarem de acordo com as disposições regulamentadas pela legislação, trazendo maior segurança para as informações que os brasileiros disponibilizam para empresas, especialmente da internet.
Além da LGPD, também tramita no Senado o Projeto de Lei (PL) 2630/2020, a Lei das Fake News, que estabelece normas relativas à transparência de redes sociais e de serviços de mensagens privadas. Segundo as empresas, existe uma maior dificuldade em fiscalizar notícias falsas pela dificuldade de verificação de cada informação publicada.
A maior transparência nas informações seria útil para auxiliar as investigações sobre as fake news, cuja veiculação já é considerada crime no Brasil e tem sido alvo de investigação no Superior Tribunal Federal (STF), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Senado Federal, por meio de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).
Com informações de Forbes, Politize e Mundo Digital.