
Senadores vem pressionando internamente para que a Casa instale, nos próximos dias, uma comissão temporária de monitoramento das ações contra a Covid-19.
A pressão cresce, sobretudo, entre os integrantes da base aliada do governo, que receberam do Planalto a incumbência de tentar dissuadir parlamentares a retirarem assinaturas do requerimento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, solicitada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para investigar as possíveis omissões do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no controle da pandemia. A intenção dos governistas é inviabilizar a instalação da CPI.
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Enquanto o autor da iniciativa, senador Eduardo Braga (MDB-AM), diz que o Senado fiscalizará a campanha de vacinação a partir da colegiado, o líder do Cidadania, Alessandro Vieira (SE), segue cobrando a instalação da CPI, justificando que a iniciativa solicitada por Braga não invalida o imediata funcionamento da Comissão.
Em 2020, o Congresso abriu uma comissão mista, formada por deputados e senadores, para acompanhar as ações do governo na crise. O funcionamento do grupo, no entanto, terminou em dezembro, com o fim do estado de calamidade pública.
Agora, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), concordou em reativar um colegiado semelhante na Casa enquanto o requerimento de Randolfe aguarda para ser lido em Plenário. O pedido de CPI da Covid-19 foi protocolado no último dia 4 e conta com 30 assinaturas, número superior ao mínimo exigido de 27.
“O presidente do Senado está tentando esticar o tempo para ver se o governo consegue retirar assinaturas. Não vai funcionar, a situação só vai piorar”, acusou o líder do Cidadania na Casa, Alessandro Vieira (SE), em entrevista ao Estadão.
Covid-19 x gestão de Pazuello
Na semana passada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi sabatinado em uma audiência pública promovida no Senado. O governo esperava que a presença do general da ativa reduzisse a pressão pela CPI, o que não ocorreu.
O cerco contra Pazuello, aliás, vem se fechando desde que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, autorizou a abertura de um inquérito contra ele para apurar a responsabilidade na crise de falta de oxigênio no Amazonas, que causou centenas de mortes em meio à alta nos casos da Covid-19.