Pelo menos 2,9 milhões de brasileiros — 1,9% da população do país —, se declaram homossexuais ou bissexuais, enquanto outros 3,6 milhões não quiseram responder ou não sabiam (3,4%). Os números fazem parte da “Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): Orientação Sexual”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na manhã desta quarta-feira (25) e são compatíveis com os aferidos em outros países.
É a primeira vez que o IBGE pergunta aos brasileiros sobre sua orientação sexual.
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A pergunta foi introduzida na PNS de 2019 para atender à demanda por informações sobre a orientação sexual da população. Para a pergunta “Qual é a sua orientação sexual?“, a pesquisa oferecia seis opções de respostas: heterossexual, homossexual, bissexual, outra orientação sexual, não sabe e recusou-se a responder. Perguntas sobre identidade de gênero não foram incluídas nessa pesquisa, mas o IBGE espera acrescentá-las em próximas edições.
Segundo o levantamento, em 2019 havia 159,2 milhões de pessoas com 18 anos ou mais no País, das quais 46,8% eram homens e 53,2% mulheres. Deste total, 94,8% se declararam heterossexuais; 1,2% homossexuais; 0,7% bissexuais; 0,1% declararam outra orientação sexual (assexual ou pansexual) e 3,4% não sabiam ou não quiseram responder.
Recortes
“A conclusão a que chegamos é que ainda é um tema muito sensível e delicado, tanto na abordagem quanto na resposta”, afirma a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira. Ela lembra que em pelo menos 70 países as relações homossexuais ainda são criminalizadas.
“Há todo um processo de entendimento e aceitação sobre a própria orientação sexual para que uma pessoa declare isso numa pesquisa. Mas, ainda que os números estejam um pouco subnotificados, considero um passo importante para podermos, de alguma forma, entender as características sociodemográficas desse grupo e dar alguma visibilidade às estatísticas para que recebam atenção específica em termos de políticas públicas”, defende.
Levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, divulgado na primeira quinzena de maio, mostrou que pelo menos cinco pessoas LGBTI+ foram vítimas de homicídio no país a cada semana em 2021. Ao todo, foram 262 assassinatos, aumento de 21,9% em relação ao ano anterior, quando o total foi de 215. Em 2020, diante da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, houve queda de vários tipos de crime. Os alvos mais comuns foram gays (48,9%) e mulheres transexuais e travestis (43,9%).
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De um total de 1,1 milhão de pessoas que se declararam bissexuais, a maioria era formada por mulheres (65,6%). Por outro lado, entre os 1,8 milhão de homossexuais, os homens eram maioria (56,9%). Ao avaliar os resultados por cor ou raça, não foi verificada diferença significativa entre os brancos (1,8%) e pretos e pardos (1,9%).
A pesquisa mostra que o maior contingente de homossexuais ou bissexuais está entre os mais jovens (18 a 29 anos). Chega a 4,8% do total nesta faixa etária. Os porcentuais são menores conforme as faixas de idade aumentam, chegando a apenas 0,2% entre as pessoas com 60 anos ou mais.
O porcentual de pessoas que não quiseram ou não souberam informar sua orientação sexual também foi mais elevado na população de 18 a 29 anos (5,3%). Nas demais faixas, se manteve entre 2,5% (60 anos ou mais) e 3,0% (40 a 59 anos).
“Entre os mais jovens, por um lado, há maior liberdade para tratar do assunto e, por outro, é também ainda uma fase de experimentação, de consolidação da sexualidade, em que estão se descobrindo”, avalia Maria Lúcia.
Com informações do Estadão e IBGE