
Depois de Jair Bolsonaro (sem partido) fazer aberta propaganda da hidroxicloroquina, nesta terça-feira (19) a agência Fiquem Sabendo, especializada no tema, divulgou que o Itamaraty articulou a compra entre empresas brasileiras e indianas do medicamento, apesar da falta de eficácia comprovada contra a Covid-19.
Nesta terça, a agência divulgou documentos que mostram conversas trocadas pelo menos desde março, quando começou a pandemia, entre o diplomata Elias Luna Santos, da embaixada do Brasil em Nova Deli, capital da Índia, com empresas indianas que comprovam a negociação. Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
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Em uma das conversas, Elias Santos trata de um acordo em que empresas indianas forneceriam ingredientes de hidroxicloroquina a empresas brasileiras que, em contrapartida, venderiam comprimidos da substância à Índia.
“Esta proposta garantiria continuidade da produção em ambos os países e ajudaria a manter os fluxos de comércio bilateral no setor farmacêutico neste momento de crise, o que pode ser benéfico para Brasil e Índia agora e no futuro”, diz o diplomata em um dos e-mails.
Exceção à proibição
Outra conversa mostra Elias Santos pedindo, em nome no Brasil, que a Índia abrisse uma exceção à proibição de exportação de hidroxicloroquina.
“O governo do Brasil está solicitando ao governo da Índia que conceda ao nosso país uma exceção à proibição atual de exportações de hidroxicloroquina da Índia (…) Estamos cientes de que você tem uma importante relação comercial com a empresa brasileira Apsen”, diz o e-mail da embaixada brasileira.
As conversas incluem consultas feitas pelo diplomata sobre preços, disponibilidade e prazo de entrega dos produtos.
Compra de hidroxicloroquina
Entre as companhias brasileiras citadas pelo diplomata estão a Purifarma, a EMS e a Apsen. A Apsen, por exemplo, adquiriu uma tonelada de sulfato de hidroxicloroquina, a um preço de US$ 155 mil.
A empresa é a fabricante do Reuquinol, medicamento à base de sulfato de hidroxicloroquina e que foi exibido por Jair Bolsonaro na reunião do G20 em março de 2020.
Além disso, o presidente da Apsen, Renato Spallicci, é apoiador de Jair Bolsonaro.
Com informações da Época