A entrevista de Bolsonaro no Jornal Nacional foi a maior “fake news” do ano. Pelo menos até agora.
Ajudado pelo apresentador que o afastou dos temas mais populares da carestia ,do desemprego, da inflação , da misoginia, do racismo, Bolsonaro pode exercer até o limite do cinismo, uma performance do clássico político demagogo. Foi apenas um mentiroso a mais na política brasileira.
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Negou o golpismo com absoluta desfaçatez. Assumiu pela metade o compromisso que ingenuamente Willian Bonner lhe propôs em torno da aceitação do resultado das urnas.
Desviou-se com habilidade e inesperada calma da colocações sobre a pandemia .
Negou a existência do Centrão ( no seu tempo) e da corrupção no seu governo. E os apresentadores pareciam dar-se por satisfeitos com suas respostas.
Simplesmente não respondeu as questões que não tinham resposta como o pouco caso e a crueldade com as vítimas da Covid formulada pela apresentadora Renata Vasconcelos. E nesse caso recebeu ajuda direta de Bonner que mudou de assunto.
Bolsonaro abandonou , tática e provisoriamente, o papel de de “revolucionário” de direita subversivo em relação a ordem democrática e assumiu sem nenhum escrúpulo o papel de um político tradicional, disposto a jogar o jogo.
Despiu-se das mangas de camisa da truculência física e verbal e mentiu de paletó e gravata.
E nem ao menos o seu despreparo para escolher ministros corruptos, incompetentes ,ecocidas e genocidas, foi questionado pela dupla global.
Encarnou, enfim, uma perfeita “fake news” portando-se como um cavalheiro diante das câmaras da Rede Globo e ao mesmo tempo sendo capaz de liderar uma massa radicalizada e fascista.
Deve ter desagradado sua tropa de choque e desapontado alguns seguidores . Mas ele sabe que com uma ou duas declarações no “cercadinho” ou numa igreja pentecostal isso é fácil de recuperar.
Mas, na minha modesta opinião, o que deve preocupar os estrategistas dos seus adversários é que ele se revelou capaz de parecer um político comum, tradicional , mentiroso e cínico. Muito ao gosto das elites dominantes desse pais.