Braço direito de Lula durante a gestão do petista, o ex-ministro Gilberto Carvalho disse que “momento é muito dramático para ficar escolhendo só quem pensa parecido”
Na segunda-feira (1), em reunião do Diretório Nacional do PT, Lula pediu cautela ao partido antes de aderir a manifestos apoiados por adversários políticos e ex-aliados. “Sinceramente, não tenho mais idade para ser “maria vai com as outras”, alegou o ex-presidente. O posicionamento polêmico provocou surpresa e até constrangimento entre petistas.
Segundo o Valor, para o ex-ministro Gilberto Carvalho “não há por que criar polêmica” em relação aos manifestos suprapartidários. “É preciso procurar o maior grau de unidade possível. Podemos ter aliados para caminhar 100 metros, outros para caminhar 200 metros e outros para ir mais longe. O momento é muito dramático para ficar escolhendo só quem pensa parecido”, disse Carvalho. “É preciso dialogar com quem está disposto a fazer qualquer tipo de ação.”
Carvalho defendeu a articulação de manifestos como o “Estamos Juntos”, “Basta!”, “Somos 70%” e “Unidade Antifascista”. No entanto, minimizou as declarações de Lula e disse que foi um “alerta” para que o PT não seja “massa de manobra dos que se arrependeram de votar em Bolsonaro”.
Apesar do posicionamento de Lula e do PT, o ex-prefeito Fernando Haddad está entre os signatários do Movimento Estamos Juntos. “Saúdo quando a centro-direita entende o risco da extrema direita, e coloca as liberdades civis em primeiro lugar. A disputa tem que ser feita com argumentos. É muito positivo”, disse Haddad
Contudo, evitou mais polêmicas e justificou que é preciso compreender as reflexões do seu aliado, Lula, dentro de um contexto. “Ele estava possivelmente falando de documento mais contundente em relação ao quadro geral”.
Posicionamento do PT
O PT afirmou que há pelo menos duas diferenças entre o que o partido defende e o que os grupos registraram nos manifestos: a crítica à política econômica, com a garantia dos direitos dos trabalhadores, e a saída imediata de Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão, com a realização de novas eleições.
Vice-presidente nacional do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP) afirmou que a Executiva Nacional do partido vai analisar esses movimentos recentes na segunda-feira. “A preocupação é com os rumos desse movimento, se vão abranger as bandeiras dos trabalhadores, se terão a clara vontade de substituir Bolsonaro. Os manifestos não falam em substituir Bolsonaro”, disse Teixeira.
Com informações do jornal Valor Econômico.