O ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou uma cartilha com propostas de criação de políticas públicas para o setor de games no Brasil. O documento foi produzido de forma colaborativa por 30 profissionais que atuam no cenário de jogos no país. O objetivo é propor soluções para ampliar a geração de empregos, evolução tecnológica, preparação de profissionais e regulamentação de e-sports, dentre outros temas.
“Videogame não é apenas entretenimento, é também cultura, emprego e desenvolvimento tecnológico. Ontem, gamers apresentaram propostas para o nosso Programa de Governo, pedindo políticas públicas que fortaleçam o setor de jogos eletrônicos no Brasil”, relatou Lula nas redes sociais.
O petista justificou a importância do setor: “a cartilha ‘Lula Play’ sugere o fortalecimento do mercado nacional de jogos digitais e criação de cursos técnicos e de Ensino Superior para, cada vez mais, desenvolver esse setor. A América Latina é onde mais cresce o número de jogadores, e o Brasil é líder no continente”.
E Lula está certo: a 9ª edição da Pesquisa Games Brasil, levantamento anual sobre o consumo de games no país, apontou um crescimento geral no público de games dentro do Brasil: 74,5% da população consumiu jogos eletrônicos em 2022, um crescimento de 2,5% em relação ao último ano, e também a maior marca desde o início da pesquisa.
Outro número que cresce é o de indivíduos que consideram os games como a sua principal forma de entretenimento. 76,5% dos gamers seguem essa linha de pensamento, um salto de 8,5% em relação à pesquisa de 2021.
Entre os pontos apresentados no documento, estão sugestões que englobam consumidores, por meio da redução de impostos, mas também incentivos para revisões trabalhistas e educacionais que fortaleçam os trabalhadores e os estudantes interessados em capacitação para o mercado.
Além disso, o texto discute questões sociais como combate a racismo, LGBTQfobia, machismo e diferentes crimes digitais observados em ambientes de jogos. Confira aqui na integra.
Criação das propostas
As discussões de formatação da cartilha, disponibilizada na íntegra no site do petista, começaram ainda em maio deste ano, quando o Instituto Lula fez o convite para Erika Caramello, professora doutora em games e empresária do setor. A partir daí, 30 representantes ligados à área começaram a elaboração das propostas, com foco em suas diferentes áreas de atuação.
A versão final conta com a assinatura de 13 membros, mantendo o anonimato de alguns colaboradores que, por questões particulares, escolheram evitar a exposição política.
Mercado de games atrai investimentos altíssimos
O oceano azul de oportunidades do segmento de jogos está atraindo o olhar — e o dinheiro —, de grandes investidores. Não à toa, mais de US$ 20 bilhões foram investidos em startups de games nesta década – U$S 1,3 bilhão disso apenas em 2020.
Ao todo, mais de 2.000 acordos foram firmados entre fundos investidores e empresas de jogos no período de 2016 a julho de 2020. Todos esses dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela Revista Exame e a consultoria Pitchbook.
PSB alinhado ao mercado
Alinhada com as novas tecnologias e no reconhecimento da importância das novas formas de consumo de entretenimento e cultura, o processo de Autorreforma do PSB, que está em curso há quase três anos, defende que a inovação e a economia criativa são fatores estratégicos para o desenvolvimento do Brasil.
Os socialistas têm uma de suas prioridades o desenvolvimento das forças produtivas a partir da criatividade da população e do desenvolvimento de tecnologia brasileira.
“Reconhece-se que no Século XXI, a geração de valor não é mais, predominantemente, determinada pelos bens de investimento de capital fixo. O que gera valor, na atualidade, não é somente a produção física de um computador, por exemplo, mas tudo o que tem embutido nele de tecnologia, design, logística, software, capital humano e marca”, destaca trecho.
Os socialistas defendem a mudança do status atual em que a sociedade brasileira figura mais como consumidora de produtos tecnológicos. Segundo eles, se faz necessário assegurar que a economia seja capaz também de liderar processos produtivos sofisticados de alto valor e agregados tecnológicos para que o Brasil adentre na nova Era do Conhecimento.
Mas esse processo deve ser dado não apenas pelo lado do consumo, mas pelo lado da produção como, por exemplo, na fabricação de games e na capacitação de profissionais para atuar na indústria tecnológica como pensadores.