
Com três mandatos consecutivos como presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) concedeu entrevista ao Estadão, em que fala da atuação do parlamento nos principais temas do país e avalia relação institucional com o governo federal.
Maia, que deve deixar a presidência da Câmara em janeiro de 2021, afirmou ao jornal ser “importante separar o Estado e o governo”, defendendo para o país um limite à atuação de militares da ativa na estrutura do próximo governo.
“É importante separar o Estado e o governo. As Forças Armadas estão no Estado. Os gestores públicos, os ministros, o presidente estão no governo. É importante que fique claro que há um muro. Não é algo contra os militares que estão no governo Bolsonaro, mas esse debate vai acontecer, no mínimo, para o próximo governo, para que fique clara essa separação. Quem vem para cá (governo) vai precisar não ter vínculo com o Estado. Quando um militar da ativa entra no governo ele traz parte do Estado e, muitas vezes, pode misturar as coisas, e é importante que a gente consiga organizar isso”
Na entrevista, realizada à distância, no sábado (8), Maia elegeu como pautas prioritárias, antes de finalizar seu mandato à frente da Casa, as reformas Tributária e Administrativa.
“Infelizmente, o debate da reforma administrativa está interditado desde o ano passado. O da tributária está andando, nós estamos estimulando, diferentemente do que o Paulo Guedes diz. O que nós não queremos é criação de novos impostos e onerar a sociedade”
Questionado sobre a possibilidade de o governo querer “furar o teto dos gastos”, Maia reafirmou que irá barrar qualquer tentativa de “burlar o teto de gastos”, que proíbe as despesas de crescer em ritmo superior à inflação.
Ao falar para o jornal sobre o cenário eleitoral de 2022, quando ocorrem eleições para a presidência da República, Senado e Câmara Federal, ele afirmou ter condições para “ajudar a construir um projeto”. Segundo o líder, a tarefa principal rumo ao pleito será “construir um ambiente que saia dos extremos e procure defender o que é o certo e o melhor para a sociedade brasileira”.
Maia, que junto com a maioria do deputados federais, venceu embates com o Planalto, como o que fixou valor maior para o auxílio emergencial – contrariando proposta “tímida” do governo Bolsonaro-, ainda criticou o enfrentamento da pandemia pelo governo.
“Eu não acho que o Pazuello tenha sido a melhor escolha, mas não podemos culpá-lo também pelas 100 mil mortes. É claro que há falta de articulação com os governadores e conflitos por causa de posicionamentos equivocados. Isso pode ter prejudicado, certamente, mas transferir 100% dessa responsabilidade para o ministro está errado. O problema é ter um vírus que vai tirar vidas de brasileiros e que vai derrubar a economia. E a economia vai cair porque na hora em que começa a morrer gente próxima, a pessoa deixa de consumir, deixa de ir à rua, querendo o governo ou não”
Confira entrevista completa aqui.