
Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Nacional tomaram partido ontem, através das redes sociais, na mais recente disputa pública entre as duas alas do governo Bolsonaro: militar e ideológica. Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) saíram em defesa do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, após o ataque disparado na quinta-feira contra ele pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Ramos foi chamado de “Maria Fofoca” pelo colega de ministério após a colunista do Globo, Bela Megale, noticiar que Salles havia “esticado a corda” em relação à ala militar ao determinar o recolhimento imediato de brigadas de incêndio do Ibama na semana passada.
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A medida, justificada por Salles com base na falta de recursos para manter as equipes em atividade, pressiona o vice-presidente Hamilton Mourão, que chefia o Conselho Nacional da Amazônia e incumbido de atuar em parceria com a Defesa para combater o desmatamento na floresta e no Pantanal.
Maia sobre Salles: “Não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”
Ao entrar na discussão, Maia escreveu ontem no Twitter. “O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”.
Alcolumbre adotou tom mais ameno, mas também demonstrou apoio a Ramos: “Como chefe do Legislativo, registro a importância do ministro Luiz Ramos na relação institucional com o Congresso. Não é saudável que um ministro ofenda publicamente outro ministro. Isto só apequena o governo e faz mal ao Brasil”.
Uns mordem, outros assopram
Enquanto as duas principais lideranças do Legislativo se envolveram diretamente na discussão entre os dois ministros, o presidente Jair Bolsonaro não comentou o assunto em público. Na última quinta-feira (23), o chefe do Executivo atuou para colocar panos quentes na situação, convidando Ramos e Salles para um almoço, com outros convidados, após ambos terem participado de uma cerimônia da Força Aérea Brasileira (FAB) em Brasília.
Além de Maia e Alcolumbre, o presidente do PP, Ciro Nogueira, sinalizou publicamente o apoio a Ramos. O movimento indica a posição das siglas do centrão em meio à briga ministerial: Nogueira é considerado o principal interlocutor do bloco aliado a Bolsonaro no Congresso Nacional.
“O Progressistas manifesta total apoio ao trabalho do ministro-chefe da secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Ramos. Sua atuação tem sido fundamental na construção e estabilidade de uma base sólida no Congresso Nacional”, escreveu Nogueira.O discurso se assemelha ao de outros deputados do centrão, como o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e Marcelo Ramos (PL-AM), que disputa a presidência da Casa. Barros afirmou que irá atuar para pacificar o clima. Marcelo Ramos disse que “o governo não pode se perder em baixarias”.
Com informações do Globo