Manifesto divulgado por um grupo de seis possíveis candidatos à Presidência em defesa da democracia, da Constituição de 1988 e contra o autoritarismo, já é tratado como embrião de uma aliança ampla para 2022. Embora digam que ainda é cedo para falar em candidatura única para a Presidência, nomes do centro afirmam que o documento foi um importante gesto de aproximação desse campo.
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“Isso não significa convergência absoluta, algo que não temos nem no nosso partido. Mas percebo a disposição de uma diálogo permanente sobre outros temas”, afirmou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), signatário do manifesto ao lado do governador paulista, João Doria, também do PSDB, de Luiz Henrique Mandetta (DEM), de João Amoêdo (Novo), de Ciro Gomes (PDT) e do apresentador Luciano Huck, ainda sem partido. Dos seis, cinco votaram em Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, e um, Gomes, viajou para Paris.
“A capacidade de convergência posta à prova nesse momento nos faz manter a esperança que haverá maturidade para aglutinar forças políticas relevantes do país em torno de um projeto que nos tire de sucessivos anos de crise.”
João Doria (PSDB)
Com projetos antagônicos para o país, os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do Novo, João Amoêdo, no entanto, veem como “difícil” uma possível aliança entre os signatários. Em entrevista à colunista Vera Magalhães, Ciro disse não ter ilusões de que sairá uma chapa do grupo:
“Trata-se de um gesto, concreto, no sentido de que, colocadas de lado nossas divergências, algumas inconciliáveis, temos o consenso possível a favor da democracia, da Constituição e contra um claro surto autoritário de Bolsonaro.”
Ciro Gomes (PDT)
Outra mudança importante do manifesto seria o “pacto de não agressão” entre os possíveis candidatos. Segundo Leite, caso seja lançada mais de uma candidatura contra a polarização entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a expectativa é de um enfrentamento no “plano das ideias”.
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Ex-ministro da Saúde, Mandetta foi o idealizador da carta e quem acionou os demais “presidenciáveis”. A articulação final em torno do texto foi rápida e começou na terça-feira. “Nem foi ventilada a hipótese de chamar o Lula. Foi uma opção contra duas opções polarizadas”, disse o ex-presidente do Novo.
Em entrevista à Rádio Band News FM nessa quinta-feira (1), o ex-presidente Lula parabenizou a iniciativa, mas lembrou que parte do grupo ajudou a eleger Bolsonaro: “Todos tiveram a chance de garantir a democracia em 2018 votando no (Fernando) Haddad”.
Com informações do jornal O Globo e Estadão