
Em rara manifestação, o Comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, buscou delimitar o seu distanciamento da ala militar do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). “Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis”, afirmou.
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A declaração ocorreu durante live do Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa ao ser questionado, pelo ex-ministro da Defesa Raul Jungmann, sobre o papel dos militares na política. Na gestão Bolsonaro, 9 dos 23 ministros são de origem fardada.
O comandante, no entanto, não criticou os colegas que estão no governo, entre eles o seu chefe, o general Fernando Azevedo, ministro da Defesa.
Tampouco viu problemas nisso, citando que o Supremo Tribunal Federal (STF) requisita desde 2018 um general para assessorar seu presidente, cargo que foi ocupado por Azevedo na gestão do ministro Dias Toffoli. Mas ressaltou que, “se for para chamar [um militar para o governo], é decisão do Executivo”.
Comandante do Exército teme politização de quartéis
Embora tenha se eximido de criticar, o posicionamento de Pojul mostra que a Força teme a politização dos quartéis na esteira da militarização da política. Esse movimento tornou-se uma preocupação no Alto Comando do Exército quando o presidente Jair Bolsonaro passou a frequentar manifestações golpistas pedindo o fechamento do Supremo e do Congresso.
Após a prisão do ex-assessor do clã presidencial Fabrício Queiroz no fim de junho, porém, Bolsonaro acabou se retraindo e compondo com o Centrão, o que abafou o risco de um impeachment ou outra ruptura.
O respiro da volta de um certo nível de popularidade ao presidente, ocasionado pelo auxílio emergencial da pandemia, por ora mantém os fardados longe dos holofote. “Não nos metemos no que não nos diz respeito”, afirmou Pujol.
Com informações da Folha de S. Paulo