Como uma espécie de resposta a Jair Bolsonaro (sem partido) e aos discursos neoliberais em defesa das privatizações, a Petrobras registrou o maior lucro trimestral da história das empresas de capital aberto no Brasil no quarto trimestre de 2020. O dado é resultado de um relatório feito pela empresa de análises econômicas Economatica, após a divulgação do balanço na quarta (24).
Segundo a análise feita pela companha, o lucro líquido foi de R$ 59,9 bilhões, um aumento de mais de 634% em relação ao mesmo período de 2019, quando a empresa havia lucrado R$ 8,15 bilhões. No relatório que projeta a conquista da estatal, a Economatica levou em conta os lucros trimestrais históricos ajustados pela inflação no período de 1986 até dezembro de 2020.
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Com os ajustes feitos pelo IPCA, a Petrobras aparece dez vezes como a líder dos maiores lucros da história, na frente da Vale, com sete participações. É, além disso, a empresa que mais aparece no ranking das 20 que tiveram os lucros trimestrais mais altos sem o ajuste da inflação, com nove participações — em seguida vem a mineradora Vale, com sete participações.
Crise na Petrobras x Governo Bolsonaro
Os números surgem ainda em meio à crise provocada pela nomeação do general Joaquim Silva e Luna para substituir, no comando da empresa, o economista Roberto Castello Branco, primeiro presidente da estatal sob o governo Bolsonaro.
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“Em meio à severa recessão global e aos efeitos de um grande choque na indústria de petróleo, nós prometemos estruturar uma recuperação em ‘J’. A meta era sair da crise melhor que antes”, afirmou Castello Branco durante o anúncio. “Nós entregamos nossas promessas.”
Em teleconferência com analistas, Castello Branco também fez uma manifestação incomum contra o mandatário brasileiro nesta quinta-feira (25), ao vestir um traje diferente do usual. Acostumado a usar roupas sociais, ele vestiu uma camiseta com os dizeres “Mind the Gap“, em alusão ao metrô de Londres. Mas que, em tradução livre, significa “cuidado com o vão” ou “cuidado com o buraco”.
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Economistas e especialistas viram na camisa uma espécie de protesto silencioso à sua provável substituição abrupta.
“Minha leitura é que foi um protesto, sim. Do tipo: tem uma distância galáctica entre eu e esses caras”, disse um gestor que preferiu não se identificar.
Com informações da CNN Brasil e Folha de S.Paulo