A queda nas vendas de combustíveis e o colapso nos preços do petróleo provocados pela pandemia levaram a Petrobras a prejuízo de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre de 2020, mesmo revertendo o lucro de R$ 18,866 bilhões apresentados no mesmo período do ano passado. Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira (30) pela companhia e divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo.
No primeiro trimestre, a estatal já havia reportado perda recorde de R$ 48 bilhões, provocada pelo corte de R$ 65,3 bilhões no valor de seus ativos diante de projeções de que o preço do petróleo ficará mais barato nos próximos anos. O prejuízo recorrente da companhia ficou em R$ 13,732 bilhões, contra um resultado negativo de R$ 4,637 bilhões um ano antes.
Efeitos da pandemia
Com as medidas de isolamento social no Brasil, a receita de vendas da Petrobras com seu principal produto, o óleo diesel, caiu 25% em relação ao primeiro trimestre e 42,1% em relação ao mesmo período de 2019. Já a queda do faturamento com gasolina foi de 41% e 51,8%, respectivamente.
O produto mais afetado foi o querosene de aviação, diante das restrições a voos em todo o mundo. No segundo trimestre, a receita com as vendas desse produto foi 89% menor, tanto em relação ao primeiro trimestre quanto na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Leia também: Petrobras diz que veiculou 2 milhões de anúncios em sites de fake news por erro
As exportações foram salvas pelo mercado chinês, que saiu mais cedo do isolamento social. No segundo trimestre, a China foi responsável por 87% das compras de petróleo produzido pela Petrobras, quase o dobro dos 48% registrados no trimestre anterior.
“A eclosão de uma crise global de saúde causou uma recessão global profunda e sincronizada que afetou severamente a indústria global de óleo e gás”, escreveu o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, no balanço divulgado nesta quinta (30).
“A economia global está mostrando sinais de recuperação impulsionada pela injeção de US$ 15 trilhões – cerca de 12% do PIB global – derivada de ações de políticas fiscais e monetárias. Embora em nível mais moderado, a incerteza permanece”, escreveu o presidente, destacando que não sabe quando o prejuízo será recuperado.
Distribuição de bônus
Apesar da crise, a Petrobras aprovou em assembleia, na semana passada, a distribuição de bônus milionários a seus executivos, como prêmio pelo desempenho de 2019, quando a estatal registrou lucro recorde de R$ 40 bilhões.
A proposta apresentada pela direção da empresa elevou de R$ 5,5 milhões para R$ 11,8 milhões a projeção de prêmios para o desempenho em 2019, quando entrou em vigor novo modelo de premiação que privilegia os cargos de chefia e pode dar até 13 salários a seu presidente.
O aumento da remuneração foi aprovado com apoio do governo, o acionista majoritário, embora o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tenha votado contra. A distribuição do dinheiro, porém, está suspensa devido à pandemia.
Homenagem a militares
Na mesma semana em que anunciou o prejuízo bilionário, a Petrobras também informou que vai alterar o padrão de batismo de plataformas de produção de petróleo alugadas e, já na primeira leva, homenageará dois almirantes que tiveram posições de comando na Marinha brasileira no século 19.
Roberto Castello Branco, escolhido pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) para comandar a estatal, já fez outras alterações em nomes de ativos batizados durante os governos petistas, rebatizando térmicas e também o antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Capitão reformado do Exército e rodeado por militares em seu governo, o presidente da República confiou também cargos de comando no setor de energia a representantes das Forças Armadas, como os almirantes Bento Albuquerque (ministro de Minas e Energia) e Eduardo Leal Ferreira (presidente do conselho da Petrobras).
Com informações da Folha de S.Paulo