A indicação do quarto ministro da Saúde durante a pandemia de Covid-19 no fim dessa segunda-feira (15) provocou uma série de questionamentos. Pelas redes sociais, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) indagou se o novo ministro, o médico Marcelo Queiroga, vai continuar “boicotando” as medidas de contenção do vírus, como o uso da máscara e o isolamento social.
Antes do general Eduardo Pazuello, comandaram o ministério o médico e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e o médico Nelson Teich. Os dois deixaram o cargo após desentendimentos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que insiste em minimizar os impactos da pandemia e desestimular a ciência.
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Com Pazuello no comando da pasta, no entanto, Bolsonaro foi quem tomou o controle e todas as suas vontades eram atendidas. Mesmo durante os piores momentos da pandemia, o Ministério da Saúde se calou sobre o isolamento social e o uso da máscara, além de incentivar o uso de medicamentos sem comprovação científica como a cloroquina e a ivermectina.
O resultado, é claro, foi desastroso e o Brasil se tornou o epicentro mundial da doença. O país contabilizou 11.525.477 casos e 279.602 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia, segundo balanço do consórcio de veículos de imprensa divulgado no fim da segunda (15).
Esperança em um novo começo
Com esperança na mudança desse cenário caótico do país, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), desejou sorte a Marcelo Queiroga e ressaltou que atuar em conjunto é o caminho para que “o Brasil reverta o grave quadro”.
Para Renato Casagrande (PSB), governador do Espirito Santo, a indicação traz uma importante perspectiva de que o governo finalmente terá uma coordenação nacional eficiente, articulada com estados e municípios.
Conterrâneo de Queiroga, o deputado socialista Gervásio Maia (PSB-PB) foi mais um a desejar sorte na condução da pasta mais importante para o país neste momento. “Desejo sorte ao ao paraibano Marcelo Queiroga, que assume o ministério da Saúde. Dr Marcelo é um competente e dedicado profissional. Torcemos para que ele tenha autonomia na pasta e receba condições necessárias para fazer seu trabalho pautado pela ciência, em defesa da vida e das vacinas”, comentou.
Elias Vaz (PSB-GO) aproveitou a mudança no comando da pasta para pedir que a ciência oriente o Brasil a partir de agora. “Não adianta nada mudar o ministro se a postura irresponsável do Bolsonaro continuar a mesma. Chega de negacionismo e incompetência! Que a ciência guie o novo ministro na luta contra a Covid no nosso país”, exigiu.
Quem é Marcelo Queiroga?
Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o cardiologista Marcelo Queiroga é muito próximo da família Bolsonaro e principalmente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Depois da eleição de Jair Bolsonaro (sem partido), ele chegou até a participar da equipe de transição de governo, dando opiniões na área de saúde.
Opiniões cujo histórico são bem diferentes daquelas defendidas pelo presidente — comprovando que em meio à queda de popularidade, Bolsonaro busca agora retirar sua imagem de negacionista. Em um vídeo na página da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), ele falou sobre a importância da imunização para combater a pandemia. Em 20 de janeiro, ele aparece em outro vídeo tomando a vacina.
Em abril de 2020, em entrevista à GloboNews, Marcelo Queiroga falou sobre a importância do isolamento social: “O isolamento social visa a reduzir aquele pico de pessoas que precisam de internação hospitalar. É uma medida recomendada pelas autoridades sanitárias de uma maneira homogênea”. E também defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS). “Fortalecimento do SUS – esse é o recado que essa pandemia traz para todos nós brasileiros”.
No entanto, pauta primordial para ter uma boa relação com o presidente, o médico parece defender o “tratamento precoce”. Em maio, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, presidida por Queiroga, recomendou que a cloroquina, a hidroxicloroquina e azitromicina não fossem usados contra o novo coronavírus. Depois da repercussão da nota, a entidade recuou e divulgou nova nota, em parceria com o Ministério da Saúde, em que abria a possibilidade de pacientes receberem cloroquina e hidroxicloroquina após assinarem termo de consentimento.
Com informações do G1