
O PSB trabalha para se fortalecer e pode ser uma opção a vice em uma eventual chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula (PT), em 2022. Nomes de peso, como os deputados Marcelo Freixo (PSB-RJ) e Tabata Amaral (PSB-SP), e o governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) ingressaram no partido.
Além disso, o PSB aposta no socialismo criativo como caminho para o desenvolvimento do país e também confere autonomia para a formação de alianças locais com centro e centro-direita para as próximas eleições. O presidente do partido, Carlos Siqueira, e outros socialistas conversaram com o jornal O Globo.
A matéria observa que os socialistas que se filiaram nos últimos meses trazem consigo importantes lideranças, como Tabata Amaral. O ingresso dela foi acompanhado por Duda Alcântara, ex-presidente municipal da Rede Sustentabilidade em São Paulo.
“No momento, nossa pretensão (para 2022) é modesta. Mas, pelo tamanho que o PSB tem, pela sua capacidade de renovação, qualquer que seja o candidato (à Presidência) que ele apoie, o PSB deveria ter a condição de vice. Se apoiarmos o Lula, defendemos, sim, um vice”, afirma Carlos Siqueira.
Apesar do otimismo de Siqueira, pontua a reportagem, o PT ainda não deu nenhum sinal concreto sobre uma possível aliança com o PSB e se aceitará a indicação de um candidato a vice-presidente.
O cálculo de Siqueira é que no próximo ano o PSB consiga aumentar ligeiramente sua base na Câmara, dos atuais 31 deputados para “pouco menos de 40”.
Na eleição para governadores, o partido vai se concentrar em cinco estados: Pernambuco e Espírito Santo, onde a sigla já governa, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Não há fortes pretensões para o Senado, mas dois senadores com que Siqueira diz negociar a filiação.
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PSB e socialismo criativo
O “socialismo criativo”, que foca na economia criativa, sustentabilidade ambiental e empreendedorismo, entre outros, é um dos pilares do novo programa da legenda.
Da esquerda ao centro, a leitura dos novos quadros é que o espaço ocupado pelo PSB, fora da rixa entre PT e PDT, tem maior capacidade de diálogo para além da esquerda — aspecto que, julgam eles, será fundamental para montar uma aliança capaz de tirar Jair Bolsonaro do poder.
“(O PSB) não é um partido construído em torno de um único projeto, que gira em torno de uma única figura, mas um partido que tem grandes lideranças, que discordam de algumas coisas, mas estão unidas nos valores que, para mim, são inegociáveis: da luta contra a desigualdade, da luta pela educação pública”, declara Tabata.
Para Freixo, O PSB tem as condições para formar uma frente ampla para disputar as eleições no Rio.
“É um partido que vai poder dialogar com amplos setores e razer todos os setores progressistas, mas também de centro, para um projeto de governabilidade que retire do Rio o domínio das máfias”, diz.
Além disso, observam que o PSB oferece possibilidade de atuação dentro da esquerda sem o ônus do antipetismo, sentimento que, avaliam alguns, deve ter alguma força no eleitorado em 2022.
“O PT foi incrível e fundamental nas décadas de 1980, 1990 e 2000. Mas criou-se uma rejeição ao partido, até com coisas que realmente não têm a ver com o PT. Tem um grupo que acredita que a gente precisa reimaginar a esquerda e não quer estar vinculado com o PT, apesar de que faremos coligações e estaremos com o PT em palanques de muitos lugares”, afirma Duda Alcântara.
Parlamentares dissidentes
Um dos motivos pelos quais Siqueira não conta com crescimento expressivo de sua bancada federal é que parte dos deputados atualmente filiados à sigla deve se desfiliar na próxima janela partidária por falta de alinhamento ideológico.
O racha na bancada ficou mais claro em agosto, na votação do projeto de lei que instituiria o voto impresso nas eleições. Apesar de serem oposição ao governo, 11 dos 31 pessebistas desobedeceram orientação partidária e votaram a favor do projeto que é obsessão de Bolsonaro.
Seis desses parlamentares já haviam sido processados pela legenda por votarem a favor da reforma da Previdência em 2019, também contra orientação do partido.