
Com a crise econômica, gerida pelo time do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e sua equipe econômica, a moeda brasileira vem registando sequenciais baixas frente ao dólar comercial, que fechou setembro com uma alta de 2,46% frente ao real, cotado a R$ 5,6150 na compra e R$ 5,6160 na venda. A título de comparação, R$ 1 vale, no momento, US$ 0,17.
Agravada pela pandemia do coronavírus, que vêm afetando boa parte das moedas emergentes, a crise do real ainda foi agravada por outros fatores. Um deles é o risco fiscal, elevado a níveis alarmantes depois de mais uma semana de decepção do mercado diante do anúncio do programa que deverá levar o título de ‘Renda Cidadã‘, feito pelo governo federal na última segunda-feira (28).
Analistas já haviam apontado esta preocupação diante das dificuldades da gestão de Jair Bolsonaro de pôr em prática a realização dos ajustes necessários na economia. O Bank of America, inclusive, disse estar mais cauteloso com o real e alertou para a volatilidade da moeda no curto prazo.
Alertas de analistas
Em entrevista, Sergio Zanini, sócio gestor da Galapagos Capital, destacou que o mercado está na “torcida para que o que foi anunciado na segunda [o Renda Cidadã] seja revertido em algum momento”.
“O mercado não compra mais esse discurso do Executivo, em que por um lado sempre defende o teto de gastos e a responsabilidade fiscal, mas por outro sempre anuncia planos que vão na contramão”, disse Breno Martins, trader de renda fixa da MAG Investimentos .
Envolto em críticas, o governo apresentou o novo esboço do programa social com a proposta de usar recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb, e garantias de precatórios como forma de financiamento. Visto como uma nova “pedalada fiscal”, o mercado vem acompanhando de perto o que governo fará com as informações.
Paulo Guedes na defensiva
Nesta quarta-feira (30), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que nunca foi proposta da equipe econômica romper teto ou financiar programas de forma equivocada, em referência ao direcionamento de recursos para o Renda Cidadã com a limitação ao pagamento de precatórios.
Durante entrevista coletiva, Guedes afirmou que seu time está estudando como fazer a fusão de 27 programas que já existem como forma de consolidar um programa de transferência de renda mais robusto e mais realista com o cenário projetado após o fim do auxílio emergencial. Guedes buscou reiterar que, como se trata de uma despesa permanente, os recursos também deverão ser cobertos por uma receita igualmente perene.
Enquanto isso, real afunda…
Diante do crescimento das preocupações sobre a origem do dinheiro, o real se consolidou como a moeda com pior desempenho do mundo em 2020 até o momento, com o dólar subindo 39,60%, segundo dados da fornecedora global de dados e infraestrutura do mercado financeiro Refinitiv.
A performance é, de longe, a pior já enfrentada pelo país, que já conta com a segunda pior divisa do mundo, após a lira turca, diante da qual o dólar subiu 29,69%. Com isso, o real também aparece bem atrás de moedas de países com grandes crises, como a Argentina, em que o dólar teve valorização de 27,25% contra o peso.
Outras moedas que veem o dólar registrar forte valorização no ano são o rublo da Rússia (25,17%), o rand sul-africano (19,59%) e os pesos mexicano (16,77%) e colombiano (16,44%).
Dólar cresce
A crise sanitária provocada pelo coronavírus tem pesado bastante para o desempenho das moedas de emergentes, já que em momentos de maior tensão os investidores globais tendem a procurar ativos mais seguros, entre eles o dólar americano.
Tanto que contra algumas divisas consideradas mais fortes que moeda dos EUA vem registrando queda neste ano. É o caso do euro, que sofreu queda de 4,33% frente ao dólar, do iene japonês (-3,10%) e do franco suíço (-4,86%).
No acumulado de 12 meses, o dólar subiu 34,94% diante do real, em um desempenho muito parecido com a Argentina, por exemplo, onde a moeda americana teve alta de 32,26% no mesmo período.
Vale lembrar que os nossos vizinhos passam por um momento bastante complicado, com diversos calotes de suas dívidas e uma inflação que já supera 42% no acumulado de 12 meses até agosto.
Confira o ranking que mostra o desempenho das moedas frente ao dólar:
Moeda | País | Desempenho do dólar contra a moeda em 2020 |
Real | Brasil | +39,60% |
Lira | Turquia | +29,69% |
Peso | Argentina | +27,25% |
Rublo | Rússia | +25,17% |
Rand | África do Sul | +19,59% |
Peso | México | +16,77% |
Peso | Colômbia | +16,44% |
Sol | Peru | +8,78% |
Peso | Chile | +4,35% |
Libra | Reino Unido | +2,71% |
Yuan | China | -2,47% |
Iene | Japão | -3,10% |
Euro | Zona do euro | -4,33% |
Franco | Suíça | -4,86% |
Já no acumulado de 12 meses, o dólar subiu 34,94% contra o real, em um desempenho muito parecido com a Argentina, por exemplo, onde a moeda americana teve alta de 32,26% no mesmo período.
Vale lembrar que os nossos vizinhos passam por um momento bastante complicado, com diversos calotes de suas dívidas e uma inflação que já supera 42% no acumulado de 12 meses até agosto.
Confira o desempenho das principais moedas em 12 meses:
Moeda | País | Desempenho do dólar contra a moeda no acumulado de 12 meses |
Lira | Turquia | +34,81% |
Real | Brasil | +34,94% |
Peso | Argentina | +32,26% |
Rublo | Rússia | +18,88% |
Peso | México | +11,53% |
Peso | Colômbia | +9,50% |
Rand | África do Sul | +9,21% |
Peso | Chile | +7,67% |
Sol | Peru | +6,31% |
Iene | Japão | -2,12% |
Libra | Reino Unido | -4,74% |
Yuan | China | -5,01% |
Euro | Zona do euro | -6,74% |
Franco | Suíça | -7,29% |
Com informações da InfoMoney