A saída de Carlos Alberto Decotelli, indicado ao cargo de ministro da Educação, apenas cinco dias depois de ser anunciado por Jair Bolsonaro (sem partido), foi entendida nesta terça-feira (30) como mais um sinal do despreparo do atual governo.
Acusado de plagiar no mestrado, de mentir sobre suas titulações de doutorado e pós-doutorado, o candidato ao MEC também foi abertamente contestado acerca de apoio empresarial e do vínculo como professor pela Fundação Getúlio Vargas. Mesmo sem demonstrar surpresa com o pedido de demissão do quase ministro, congressistas não pouparam nas críticas à gestão de Bolsonaro.
“Depois do ministro da Saúde Nelson Teich, que durou 29 dias, agora temos o ministro da Educação Decotelli, que sequer foi empossado. E assim vamos pro 4º ministro da Educação em 18 meses… Esse é o governo Bolsonaro: sem seriedade, sem planos pro Brasil!”, declarou o líder do PSB na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ).
Fundeb
Colega de partido, Danilo Cabral (PSB-PE) lamentou o momento vivido pelo país e a falta de perspectivas para a educação.
“No momento que o mundo faz da educação uma prioridade para sair da crise, o Brasil é submetido a constrangimentos pelo desprezo que Bolsonaro tem pela ciência e o conhecimento. Enquanto isso, a pauta que interessa ao país, o novo Fundeb e volta às aulas, é desprezada pelo Governo”, disse, recordando a principal fonte de recursos da educação básica do país, cuja validade termina no fim de 2020.
“Piada de mau gosto”
Vice-líder do PCdoB, o deputado federal Márcio Jerry (MA) chamou de “acidente trágico” a presidência de Bolsonaro. “Uma piada de mau gosto essa dupla Bolsonaro&Decotelli. Brasil todo dia sendo envergonhado por esse acidente trágico chamado Bolsonaro”, disse logo após a oficialização da baixa no MEC.
“O ministro da educação que saiu SEM ter entrado. E, em plena pandemia, – um dos momentos mais críticos já enfrentados pela humanidade – SEM ministro da saúde. SEM políticas sociais, SEM política econômica, e SEM projeto de país. Um governo SEM rumo”, apontou a deputada do PSOL, Luiza Erundina (SP), sobre o substituto de Abraham Weintraub.
Érika Kokay (PT-DF) disse esperar o mesmo desfecho para o presidente. “Decotelli vai entrar para a história como o primeiro ministro de Bolsonaro a ser punido por mentir. Esperando o dia em que vamos ‘demitir’ o presidente pelo mesmo motivo”.
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“Triste página”
Companheira de partido, Margarida Salomão (PT-MG) elencou os últimos escândalos encenados no ministério. “Que triste página para a história do Ministério da Educação. Antes, um ser abjeto, que aparelhou o MEC para uma guerra fria contra as universidades e a ciência. Agora, um malandro contumaz. Ao cabo, a culpa máxima ainda é de quem tem o poder da caneta”, afirmou.
A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) usou as redes sociais para reforçar que o descaso com a educação é reflexo das prioridades do governo. “A não priorização da pasta mais importante do país é reflexo do projeto obscurantista de Bolsonaro. O presidente não tem pressa, mas nossos jovens têm. A cada dia, o sonho de um futuro melhor fica ainda mais distante. Não podemos deixar a educação à deriva e uma geração inteira para trás”, declarou.
No Senado
O desprezo governamental com a pasta também foi lembrado no Senado. Líder da oposição na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) escancarou a falta de competência do presidente. “Eis a importância que este governo dá para a Educação: um ministro caindo em tempo recorde. Mais um no meio dessa bagunça! Em meio à uma pandemia, Bolsonaro não tem competência sequer para escolher ministros. Sem Saúde, sem Educação, sem Cultura. O caos!”, definiu.
Humberto Costa (PT-PE) foi mais um a associar o governo à desordem. “O governo Bolsonaro é uma verdadeira bagunça. Ninguém quer se alinhar a esse projeto nefasto. Alguns ainda se propõe a esse tipo de papel ridículo protagonizado por Decotelli. A Educação está sem rumo e deverá ter o mesmo destino da Saúde, o caos total”, afirmou o senador.
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