Promover uma apropriação das comemorações dos 200 anos da Independência como atividade de campanha se tornou o primeiro golpe do presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi o que defendeu o coordenador do Socialismo Criativo e ex-deputado federal, Domingos Leonelli, durante a live “7 de Setembro: Independência ou Golpe?”.
O evento foi realizado na tarde desta terça-feira (06) com a participação de Leonelli, do editor-chefe do site, Janary Damacena, do presidente do PSB-DF, James Lewis e do jornalista George Marques.
Leia também: Mesa redonda do Socialismo Criativo debate golpismo de Bolsonaro, nesta terça
“Hoje nós temos uma ultradireita que é contra a ordem constituída, contra o Estado Democrático de Direito, mas que ao mesmo tempo participa dele. Como bem ponderou nosso presidente nacional, Carlos Siqueira, esta não é uma eleição da esquerda contra a direita. É a eleição da democracia contra a barbárie. Do nazismo contra a democracia”, pontuou Leonelli.
O socialista destacou que o “sequestro” de Bolsonaro da data do 7 de setembro como uma marca de sua campanha acende um alerta para a esquerda brasileira de que, mesmo com a vitória de Lula e Alckmin em outubro, será preciso lidar com a ascensão do fascismo no país.
“Hoje o bolsonarismo tem uma militância massiva, tem uma parte do domínio da rua, que historicamente sempre foi da esquerda e em caso de vitória de Lula será preciso lidar com uma oposição fascista, algo que o Brasil nunca havia visto”, disse ao citar como exemplo a própria mobilização promovida por apoiadores do presidente para o 7 de setembro.
O deputado federal constituinte destacou que, ainda que Bolsonaro saia derrotado das urnas, já existe uma vitória em curso, que é ter consolidado essa suposta bandeira antissistema. “Bolsonaro não é contra o capitalismo, ou contra o agronegócio. Ele contesta justamente para estimular a política do desmatamento, do armamento, da exploração internacional de minérios, ou seja, contesta para fortalecer a bandeira capitalista.”
“Segundo turno não é derrota para Lula”
Ao contrário do que tem insistido a campanha petista à presidência, Domingos Leonelli defende que chegar ao segundo turno pode consolidar uma vitória ainda mais consistente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O segundo turno não é derrota, como o PT equivocadamente vem colocando. Ao contrário, é a continuação da luta e é tradição no Brasil. Aliás, fomos nós da esquerda que lutamos pelo segundo turno”, pontuou.
Para o socialista é equivocada a estratégia lulista de fazer campanha do voto útil contra Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). “Nossa primeira tarefa é ganhar as eleições. Lula ganha com o compromisso democrático e os outros partidos aliados precisam exercer suas funções. PSB não tem obrigação de se limitar ao que Lula vai fazer no governo dele. Temos que avançar”, avalia.
Para ele, é preciso que os partidos de esquerda não sigam a abrir mão de ideais fundantes, como o socialismo e a própria ideia de revolução. “A política brasileira apodreceu, como insiste Carlos Siqueira e é verdade porque Bolsonaro não promoveu sozinho toda essa corrupção, quem fez foi o centrão. É a política brasileira que precisa ser revolucionada”, finalizou.
Discurso eleitoral em data cívica
Ao citar o presidente do PSB Carlos Siqueira, Leonelli afirmou que ” Bolsonaro sequestrou o 7 de Setembro para sua campanha eleitoral “.
“Siqueira tem razão. Com recursos públicos e a apropriação indébita de uma data cívica, o presidente não diz uma palavra sobre o significado dos 200 anos de Independência e faz um discurso eleitoral entre mentiras sobre o seu governo e cafonices como a informação verdadeira ou falsa de que ele é “imbrochavel””, criticou o socialista ao referir aos discursos desta quarta.
“Mas, pelo menos, não proferiu novas ameaças diretas à democracia”, conclui.
A live completa está disponível nas páginas do Youtube e Facebook e no site do Socialismo Criativo.