Parlamentares socialistas criticaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por promover um jantar com integrantes da elite brasileira no mesmo dia em que o Brasil registrou mais 340 mil mortos pelo coronavírus. O banquete com empresários ocorreu na quarta-feira (7) e promoveu aglomeração e rendeu mais uma vez críticas do chefe do Executivo à política de fechamento do comércio e de indústrias como medida preventiva contra a Covid-19.
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Socialistas criticam banquete
O presidente estadual do PSB na Paraíba e deputado federal Gervásio Maia (PSB-PB) declarou que, em meio a crise sanitária e econômica causada pela Covid-19, Bolsonaro “desdenha da gravidade da pandemia, tira férias, promove jantar e ignora as mais de 4 mil mortes diárias e o sofrimento do povo”.
#CPIdaPandemiaJá
— Gervásio Maia (@gervasiomaia) April 9, 2021
Mais de 340 MIL MORTOS, falta vacina, oxigênio, insumos para pacientes graves. Bolsonaro desdenha da gravidade da pandemia, tira férias, promove jantar e ignora as mais de 4 mil mortes diárias e o sofrimento do povo. pic.twitter.com/gEcYYWWxVf
Na tentativa de se reaproximar de ao menos uma parte do empresariado brasileiro, Bolsonaro criticou governadores que adotam iniciativas indicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate à pandemia. O socialista Milton Coelho comentou o descaso do presidente.
“No dia que o Brasil bateu recorde mundial de mortos, [empresários] ganharam direito de comprar vacina e foram se refestelar em lauto banquete com Bolsonaro”, escreveu o deputado federal Milton Coelho (PSB-PE).
O jantar com promessas de afagos à elite econômica do país ocorreu em meio aos mais de 14 milhões de brasileiros desempregados, à alta da inflação, à demora do governo na liberação de recursos para os brasileiros mais afetados pela crise e à interrupção de programas de fomento para micro e pequenas empresas, abandonados desde o fim da calamidade pública, em dezembro.
Empresários e devedores
Das várias empresas que participaram da reunião com Bolsonaro, cinco devem um total de R$ 186,4 milhões à União. O SBT, representado pelo CEO José Roberto Maciel, deve R$ 97,2 milhões, segundo registros da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
A Cosan, cujo fundador e presidente do conselho de administração é Rubens Ometto, tem R$ 46,3 milhões em dívidas previdenciárias nessa lista. Outra companhia inscrita na dívida ativa da União é o Banco Inter, fundado por Rubens Menin, que deve R$ 36,6 milhões.
O Habib’s, representado no jantar por Alberto Saraiva, fundador e CEO, possui R$ 5,9 milhões em dívidas previdenciárias. O Bradesco, onde Luiz Carlos Trabuco Cappi é presidente do conselho de administração, tem R$ 400 mil pendentes de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Controvérsia
O jantar entre o mandatário e um grupo de empresários também causou controvérsia no setor. Segundo o Correio Braziliense, dirigentes influentes reclamaram de que Bolsonaro selecionou apenas os que acenam ao governo e, portanto, a reunião não significa apoio da elite econômica do país ao Executivo, muito menos pode servir como termômetro para sua popularidade no meio.
No mês passado, o descontentamento com a atuação do chefe do Executivo na pandemia foi explicitado em uma carta assinada por banqueiros, empresários e economistas. Mais de 500 deles pediram mais eficácia do Planalto nas ações de enfrentamento à crise sanitária. Os que endossaram a mensagem ficaram fora do jantar.