
Em reunião com o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), operadoras de telefonia se posicionaram contra possível banimento da Huawei das redes de telecomunicações do país. Segundo as teles, barrando o fabricante chinês de fornecer equipamentos de rede 5G haverá atrasos e até repasse de custos para os consumidores.
Atualmente, Nextel (adquirida pela Claro) e Sercomtel têm suas redes quase totalmente abastecidas pela Huawei. Na Vivo e na Oi, os chineses têm participação de cerca de 60%. Na Claro, esse peso é de 50% e na Tim, cerca de 40%.
Se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetar à empresa por meio de decreto, as empresas precisarão trocar o aparato 3G e 4G já em funcionamento em todo o país -operação que poderá custar até R$ 100 bilhões, segundo estimativas.
Além disso, esse aparato não conversa com os equipamentos 5G dos demais fornecedores. Ou seja, sem a Huawei e sem a troca do parque já instalado, a maioria dos usuários hoje não poderá se comunicar com aqueles que migrarem para o 5G e vice-versa.
As empresas também destacaram que a diferença teria de ser ressarcida pelo governo para evitar repasse de custos ao consumidor.
Conflitos no Planalto
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, sinalizou ser contrário a um veto pelos mesmos motivos apresentados pelas empresas. A fala, porém, não agradou Bolsonaro que reagiu e deu um recado indireto a Mourão durante cerimônia nesta terça-feira (8), no Palácio do Planalto.
“Cada ministro tem a sua atribuição. Nós aqui vivemos em harmonia e ninguém ultrapassa os seus limites”, disse. “Ninguém fala comigo de 5G sem antes conversar com o ministro Fábio Faria”, disse.
Os Estados Unidos têm pressionado pelo banimento da empresa chinesa do processo, movimento que tem o apoio do núcleo ideológico do Palácio do Planalto. Mas caso ocorra, as teles e a própria Huawei pretendem recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Com informações da Folha de S. Paulo