As terras públicas desmatadas entre agosto de 2020 e julho de 2021 somam 3,7 mil km². Essas áreas, que deveriam ser protegidas pelo governo, representam 28% de todo o desmatamento criminoso no período. As informações são do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e obtido com exclusividade pelo g1.
Entre todas as categorias nas quais as áreas da Amazônia podem ser classificadas, as “florestas públicas não destinadas” foram as que mais perderam árvores. Foram 13 mil km² de desmate apontados pelo relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).
Segundo o Ipam, depois das “terras públicas”, as categorias que mais contribuíram negativamente para a marca são os “imóveis rurais”, com 26%, e “assentamentos”, com 23%.
O instituto explica que “as florestas públicas não destinadas são áreas na Amazônia que, por lei, deveriam ser dedicadas à proteção ou ao uso sustentável”. Entretanto, “até hoje não tiveram destinação específica e, por isso, são alvo constante de grilagem”, alerta o Ipam.
“O desmatamento nas florestas públicas cresceu muito nos últimos anos. O governo sabe e é sua responsabilidade fiscalizar essas áreas”, explica o diretor-executivo do IPAM , André Guimarães.
Governo tenta esconder desmatamento recorde
O desmatamento na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021 atingiu 13.235 km². O número mostra um aumento de 22% em relação ao período anterior. Foi a maior taxa de desmatamento desde 2006, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um número superior a duas vezes a área do Distrito Federal.
O governo já sabia dessa alta recorde desde pelo menos 27 de outubro, mas o número foi omitido pela delegação brasileira que compareceu à Conferência do Clima de Glasgow (COP26), encerrada no último sábado (13).
“O que a gente tem é um fato grave. Não é só um ministro do Meio Ambiente que foi à COP e não revelou. O ministro declarou que fez reuniões com outros 24 ministros de outros países. Ele fez isso sabendo o dado e não revelou. Ele mentiu em 24 reuniões”, afirmou em entrevista à DW Brasil Márcio Astrini, secretário-executivo da rede de organizações da sociedade civil Observatório do Clima, sobre a postura do ministro Joaquim Leite.
Leia também: COP26: governo Bolsonaro faz Brasil cair 8 posições em índice de mudanças climáticas
Com credibilidade destruída mundo afora por causa da sua política antiambiental, a governo Bolsonaro corre o risco de sofrer ainda mais pressão no exterior, avalia Astrini. Até o momento, nenhum pacote de ações foi anunciado pela administração para reverter o cenário.
“Para resolver o problema, a condição ímpar é a mudança do governo. Não existe a menor possiblidade de ter esperança com Bolsonaro na presidência da República”, pontua Astrini.
Com informações do g1 e DW