
O que estamos assistindo em nosso país é um flerte macabro dos brasileiros e brasileiras com a morte. Chegamos ao assustador número de 240 mil mortos, índice que ultrapassa em quase 30 mil a população inteira do município de Itabuna, uma das maiores cidades da Bahia. E não vemos por parte do governo nenhuma medida para conter essa curva que não para de subir.
Com a justificativa de salvar a economia, o Presidente da República incentivou a abertura indiscriminada de todo e qualquer tipo de estabelecimento, apoiou e promoveu grandes aglomerações e não fez qualquer gesto para realizar um plano real de imunização da população. Ao contrário: o país destinou apenas 9% dos recursos que seriam para a aquisição de vacinas e hoje temos um processo que anda a passos de tartaruga, com menos de 3% da população imunizada.
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Cresce assustadoramente o número de mortes de brasileiros e brasileiras e corremos o risco de repetir a tragédia de Manaus em outras capitais.
Aí olhemos para os Estados Unidos: enquanto os americanos tinham um presidente negacionista e genocida como o do Brasil, o país chegou aos 300 mil novos casos diários de infecções em janeiro, com 5 mil mortes num único dia. Hoje, após a posse de Joe Biden, esses números caíram vertiginosamente, com o registro de 60 mil novos casos e mil mortes por dia.
E qual o motivo desse decréscimo de óbitos e novos casos nos Estados Unidos? Lá, o presidente iniciou uma campanha massiva pelo uso de máscaras e de vacinação em massa, adquirindo doses suficientes para a vacinação de toda a população. Além disso, Biden trava uma guerra contra todo o aparato de disseminação de notícias falsas existentes naquele país.
Em Israel não foi diferente: no início do ano, o pequeno país do Oriente Médio registrou mais de 8 mil novos casos. Atualmente, são duas mil novas infecções por dia. Já as mortes foram reduzidas à metade após começar a vacinar em massa.
Por mais que vários setores tenham voltado a funcionar, sem vacina não há chances para uma plena recuperação da economia. Os números mostram isso. São mais de 14 milhões de brasileiros e brasileiras sem trabalho ou perspectiva de trabalhar. Nem a precarização da mão de obra com uma famigerada reforma trabalhista, que prometia milhões de empregos, conseguiu conter a sangria do número de desocupados, que se somam aos desalentados no Brasil.
Tudo isso reflete como o fracasso de Bolsonaro, Pazuello e Paulo Guedes é generalizado, com falta de vacinas, de oxigênio, volta da inflação e milhões entrando na linha da pobreza. Por ora, o que Brasil precisa urgentemente é ampliar a cobertura vacinal, disponibilizar o auxílio-emergencial no valor de R$ 600 até o fim da pandemia e redobrar os cuidados com a infecção nesta fase ainda tão crítica.
*Lídice da Mata é deputada federal (PSB-BA), ex-senadora e ex-prefeita de Salvador
Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde 16/02/2021