
A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em decorrência de uma ação de violência do Estado por parte da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Umbaúba (SE), causou indignação em todo o mundo, mas no Brasil pode não ser um caso isolado.
O caso ocorreu no dia 25 de maio, mesmo dia em que o mundo lembrava os dois anos da morte de George Floyd, nos Estados Unidos. A comparação entre os dois casos, envolvendo violência protagonizada por agentes do Estado, foi inevitável.
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Neste domingo, o Fantástico exibiu reportagem em que apura pelo menos mais 18 casos envolvendo a utilização de gás de pimenta com detidos confinados em viaturas por diferentes forças policiais.
Genivaldo, que fazia tratamento psiquiátrico e tomava remédios controlados, foi abordadoe imobilizado. Em seguida, colocado dentro do porta-malas da viatura, onde os policiais colocaram um dispositivo de gás lacrimogênio. De acordo com o laudo do IML, ele morreu vítima de asfixia.
Na reportagem, o Fantástico revela outros 18 sentenças judiciais envolvendo casos de violência policial em que homens que receberam gás de pimenta enquanto estavam confinados em viaturas.
São casos ocorridos em seis estados diferentes e os suspeitos estavam detidos por diferentes acusações.
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Em um dos depoimentos apresentados, um homem conta que já estava algemado quando foi colocado no porta-malas e recebeu o spray de pimenta.
“Me ameaçavam, que eles iam me matar, que eles iam me matar. Eu me arrepiei todo a hora que eu vi esse vídeo do Genivaldo, porque pra mim foi um filme que passou na minha cabeça”, contou.
Em outros depoimentos, suspeitos contam que quebraram as janelas das viaturas para conseguir respirar. Alguns chegaram a quebrar os vidros com a cabeça.
Os três policiais envolvidos no caso de Sergipe foram identificados como Kleber Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia. Eles foram afastados pela PRF, mas estão sendo investigados apenas em um procedimento administrativo disciplinar.
Ouvidores da Polícia de seis estados já anunciaram que irão pedir aos órgãos competentes a prisão cautelar dos policiais rodoviários envolvidos.
A PRF, que havia divulgado uma nota afirmando que a morte de Genivaldo foi “uma fatalidade” sem vínculo com a ação policial, voltou atrás neste sábado (28) e divulgou um vídeo em que comenta a abordagem.
“Assistimos com indignação aos fatos ocorridos em Umbaúba envolvendo policiais rodoviários federais que resultou na morte do senhor Genivaldo de Jesus Santos. Os procedimentos vistos durante a ação não estão de acordo com as diretrizes em cursos e manuais da nossa instituição. A ocorrência dessa última quarta-feira e a morte recente de dois PRFs no Ceará implicou na avaliação interna dos padrões de abordagens. Afirmo que já estamos estudando os nossos procedimentos de formação de aperfeiçoamento e operacionais para ajustar o que for necessário para prestar um serviço de excelência”, disse o coordenador- geral de comunicação institucional da PRF, Marco Territo.