Pragmaticamente, a única possibilidade da esquerda não ser massacrada na Câmara dos Deputados pelo candidato do presidente Jair Bolsonaro é juntar os 132 votos e votar (mesmo que de nariz tampado) no candidato ungido por Rodrigo Maia.
Ainda assim não terá os votos suficientes, pois haverá necessidade de fechar uma aliança com a centro-direita, – DEM, MDB, PSDB para conseguir os 257 votos mínimos para eleger o presidente da Câmara. E como o voto é secreto, não é garantido que esses 132 votos dos progressistas votarão de forma unânime em quem esse grupo definir como o Escolhido.
Entre os nomes cotados a receber o apoio de Maia estão o de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA), mas Rodrigo Maia não descartou a inclusão de um representante da esquerda em sua lista, do PSB e/ou do PDT.
Este cenário brasiliense antecipa a disputa presidencial de 2022. Ou isso ou um parlamento nos próximos dois anos controlado pelo Palácio do Planalto.
Percebam que desde quando a disputa pela presidência da Câmara tomou corpo Bolsonaro nunca mais atacou a esquerda. Por que será, né? O líder informal do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), candidato do Planalto, precisa também dos votos da esquerda e os eventuais ataques do presidente minariam o apoio que ele pretende conquistar nesse campo político. A esquerda virou a noiva cobiçada desta eleição congressista.
É imperioso que os partidos à esquerda (PT, PSB, PDT, PSOL e PCdoB) marchem juntos. Se caminharem unidos conseguirão vitórias pontuais, mas significativas. Se prevalecer os projetos individuais e mesquinhos será terreno fértil para a extrema-direita bolsonarista ganhar terreno. O que não tem remédio, remediado está.
George Marques é Jornalista, Relações Públicas, especialista em comunicação pública, comunicação política no legislativo e em jornalismo digital. Foi indicado ao Prêmio Comunique-se de Jornalismo.