
De acordo com o site O Antagonista, um assessor do vice-presidente Hamilton Mourão vem tentando marcar conversas com lideranças partidárias para tratar da possibilidade de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido). O site chegou a ter acesso a uma troca de mensagens do assessor com o funcionário de um deputado.
“Eu tenho conversado com os assessores de deputados mais próximos. É bom estarmos preparados”, diz o assessor do vice-presidente da República. Ele acrescenta, em outro momento da conversa: “Nada demais. Articulação normal mesmo.”
Ainda de acordo com o veículo, o assessor de Mourão ainda teria comentado que o chefe “dividiu a ala militar do governo, antes dominada por Augusto Heleno” e diz que “o capitão [Bolsonaro] está errando muito na pandemia”. “General Mourão é mais preparado e político”, afirmou.
Articulação de Mourão e temor do Planalto
A revelação sobre a movimentação ocorre poucos dias depois de fontes ligadas ao Planalto acenarem que o vice-presidente já se sente pronto para assumir o cargo, diante do crescimento do movimento pelo impeachment, nas ruas e no próprio Congresso. Ao todo, já são mais de 60 pedidos de afastamento já protocolados contra o presidente, dois deles apresentados esta semana, por líderes religiosos e por integrantes da Minoria e da Oposição da Câmara.
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“Qualquer um que prestar atenção no comportamento de Mourão nos últimos dias verá que ele vem se posicionando como contraponto ao presidente”, disse um aliado de Bolsonaro ao Blog do Vicente, na semana passada. “A sensação que temos é a de que ele vê chances reais de se sentar na cadeira mais importante do Palácio do Planalto”, acrescentou.
Mesmo antes das mensagens do Antagonista virem à tona, a suposta teoria da conspiração já rolava solta nos bastidores de Brasília, sobretudo entre os grupos ideológicos, mais ligados a Jair Bolsonaro, e entre os filhos do mandatário.
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Segundo a fonte ouvida pelo blog, Mourão precisaria, inclusive, se preparar para o aumento do tiroteio contra ele à medida que o debate sobre o impeachment de Bolsonaro esquentar. “Ninguém se espantará se esse grupo ideológico disser que o vice está por trás das articulações para afastar o presidente do poder”, ressaltou.