Epicentro da crise sanitária causada pela Covid-19 e símbolo do negacionismo em todo o planeta, nesta quarta-feira (24) o Brasil alcançou a marca das 300 mil vidas perdidas. O número, que representa 100 vezes o número de óbitos registrados em tragédias como no atentado ao World Trade Center, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, consolida o colapso da saúde do país e atesta o fracasso da gestão conduzida por Jair Bolsonaro (sem partido).
Depois das 3 mil mortes em 24 horas
O Brasil também atinge a marca assombrosa um dia depois de registrar, pela primeira vez, mais de 3 mil mortes em apenas 24 horas, ao mesmo tempo em que secretarias de saúde estaduais e municipais reportam recordes diários de mortes, sistemas de saúde em colapso, alto ritmo de contágio, novas variantes do vírus e lentidão no plano nacional de vacinação, além da iminência do caos funerário, por falta de covas para enterrar as vítimas da crise sanitária.
Com dados novos de 10 estados (AL, BA, GO, MG, MS, MT, PR, RN, SP e TO) desde a véspera, o país soma agora 300.015 óbitos. Infectados pela Covid-19 chegam a 12.183.338.
Sem lockdown, pandemia da Covid-19 avança
De acordo com o acompanhamento conduzido pelo portal G1, os níveis de contaminações seguem elevados, enquanto governadores e prefeitos tentam conter o avanço do vírus com medidas mais duras de restrição. Ainda assim, o Brasil não chegou a viver nenhum tipo de lockdown completo, como ocorreu em outros países. Sem direcionamento nacional efetivo para lidar com a pandemia, medidas de isolamento seguem sendo desrespeitadas em larga escala.
Esses números poderiam ser ainda maiores não fosse uma mudança no sistema de notificação de Ministério da Saúde – que as secretarias estaduais de saúdes dizem que será abandonada – que passou a exigir mais dados sobre cada vítima da doença no país.
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Essa mudança reduziu o número de mortes informadas nesta quarta. São Paulo, por exemplo, notificou 281 mortes no dia – a média até então, era de 532 mortes por dia. Na terça, foram 1.021. Mato Grosso do Sul informou 20 mortes, ante uma média diária de de 29. Em Santa Catarina, o setor responsável disse que a alteração gerou instabilidade e atraso das notificações.
Sem governo, sem remédio e sem fim
Ao mesmo tempo, a macabra marca ocorre enquanto entidades da saúde seguem em alerta para uma potencial crise de desabastecimento dos chamados ‘kits intubação’. Com medicamentos em baixo estoque e com a alta no preço dos insumos chegando a 1.700%, o Brasil também registra um ritmo lento de vacinação. Na terça-feira, pela 6ª vez, o governo reduziu a previsão de doses das vacinas a serem disponibilizadas.
O Brasil é o país com o maior número diário de mortes por Covid-19 desde 5 de março, quando ultrapassou os Estados Unidos. Entre as cinco nações com mais óbitos, o Brasil sempre teve uma média de mortes próxima à de México, Índia e Reino Unido.
Desde janeiro, quando o presidente norte-americano Joe Biden tomou posse e intensificou a política de vacinação, os EUA reduziram drasticamente o número diário de mortes. Enquanto isso, o Brasil passou por considerável piora nos números da pandemia. Hoje, o país tem mais mortes do que todos os 27 países da União Europeia somados.
Escalada de mortes
O registro do primeiro óbito por Covid-19 no Brasil ocorreu em 12 de março. Foram necessários 149 dias para que o número chegasse a 100 mil – marca atingida em 8 de agosto do ano passado.
De 100 mil mortos a 200 mil, em 7 de janeiro, foram outros 152 dias. O ritmo crescente dos contágios visto desde o começo do ano fez com que caísse para apenas 76 dias o intervalo até as últimas 100 mil mortes que possibilitaram a marca de 300 mil desta quarta-feira.
O ritmo assustador na alta de mortes traz consigo outras marcas tristes. A média móvel de óbitos completou 25 recordes seguidos até a terça-feira (23), quando chegou a 2.349.
Com informações do G1