A esposa do jornalista inglês Dom Phillips, Alessandra Sampaio, afirma que os corpos do marido e do indigenista Bruno Pereira foram encontrados nesta segunda-feira (13). Desaparecidos há 8 dias, Bruno e Dom tinham sido vistos pela última vez no dia 5 ao chegarem à comunidade São Rafael. De lá, eles partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.
Apesar da afirmação da esposa, o comitê de crise coordenado pela Polícia Federal (PF) da Amazônia soltou nota na manhã desta segunda-feira (13), que não procedem as informações de que foram encontrados os corpos do indigenista brasileiro e do jornalista inglês.
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Segundo Alessandra, a Polícia Federal (PF) lhe confirmou a localização de dois corpos, mas disse que eles ainda precisavam ser periciados. A Embaixada Britânica já havia comunicado aos irmãos de Dom Phillips que eram os corpos do jornalista e do indigenista.
Desaparecimento
De acordo com informações da Coordenação da Organização Indígena Univaja, Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu — próxima da Base de Vigilância da Funai no rio Ituí —, para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Os dois chegaram no local de destino (Lago do Jaburu) no dia 3 de junho.
No dia 5 os dois retornaram logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte, porém, antes pararam na comunidade São Rafael, visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”
O grupo relatou à época do desaparecimento que, a partir e informações colhidas, se constatou que a equipe recebeu ameaças em campo. Além disso, também afirmam que outros membros da Univaja também foram alvos de ameaças.
Na noite deste domingo (12), a Polícia Federal que a mochila encontrada no local do desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips é do jornalista. Além da mochila amarrada em uma árvore, também foram encontrados outros pertences.
“Na região onde se concentraram as buscas foram encontrados objetos pessoais pertencentes aos desaparecidos, sendo 1 (um) cartão de saúde em nome do Sr. Bruno Pereira, 1 (um) calça preta pertencente ao Sr. Bruno Pereira, 1 (um) chinelo preto pertencente ao Sr. Bruno Pereira, 1 (um) par de botas pertencente ao Sr. Bruno Pereira, 1 (um) par de botas pertencente ao Sr. Dom Phillips e 1 (uma) mochila pertencente ao Sr. Dom Phillips contendo roupas pessoais.”, diz nota da PF.
Reação
A repercussão da morte do jornalista inglês e do indigenista gerou grande reação nas redes sociais. No Twitter, os comentários eram de revolta e tristeza com a situação, além de denúncia ao descaso e lentidão do governo de Jair Bolsonaro (PL) no endosso das buscas e apuração do caso.
A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) declarou é preciso “investigação já” e que “o mundo inteiro está voltado para o Brasil”.
Esposa afirma que corpos de Dom Phillips e Bruno Pereira foram encontrados. É preciso investigação já. O mundo inteiro está voltado para o Brasil. A nossa imagem é a pior possível cada vez mais.
— Lídice da Mata (@lidicedamata) June 13, 2022
“Aos responsáveis, todo o rigor da lei!”, exclamou o socialista Bira do Pindaré (PSB-MA), afirmando também que “vidas humanas perdidas para o ódio e a ganância dessa gente que está destruindo o Brasil”.
JUSTIÇA POR DOM PHILLIPS E BRUNO PEREIRA!
— Bira do Pindaré (@BiradoPindare) June 13, 2022
O jornalista e o indigenista foram encontrados mortos. Barbárie! Vidas humanas perdidas para o ódio e a ganância dessa gente que está destruindo o Brasil.
Força aos familiares e amigos.
Aos responsáveis, todo o rigor da lei!
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) desejou força aos familiares de Dom e Bruno. “Força às famílias e aos amigos nesse momento de tanta dor”, escreveu.
O jornalista @andretrig informou que os corpos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira foram encontrados. Força às famílias e aos amigos nesse momento de tanta dor.
— Alessandro Molon ?? (@alessandromolon) June 13, 2022
“Parte do contexto criminoso de destruição ambiental, narcotráfico, violências e violação dos direitos humanos na Região Amazônica”, declara a integrante da Comissão de Sistematização da Autorreforma do PSB, Raissa Rossiter.
A morte de Bruno e Dom não é um fato isolado. É parte do contexto criminoso de destruição ambiental, narcotráfico, violências e violação dos direitos humanos na Região Amazônica sobre o qual o Estado Brasileiro se omite.
— Raissa Rossiter (@raissa_rossiter) June 13, 2022
Juíza decreta prisão temporária de suspeito
Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, de 41 anos, teve sua prisão temporária decretada pela juíza Jacinta Silva dos Santos, na última quinta-feira (9). Ele é suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. A prisão foi decretada durante a audiência de custódia.
Uma testemunha declarou que viu Pelado carregar uma espingarda e fazer um cinto de munições e cartuchos pouco depois que Bruno e Dom deixarem a comunidade São Rafael com destino à Atalaia do Norte, na manhã de domingo (5), dia do desaparecimento e ambos.
A testemunha afirmou, ainda, que o suspeito é um “homem muito perigoso” e que vinha prometendo “acertar contas” com o indigenista, conforme informações do Globo.
Logo em seguida de Bruno e Dom deixaram a comunidade, um colega de Pelado foi visto em seu barco com o motor ligado em ponto morto, à espera do suspeito.
Testemunha afirma que Pelado e outros homens fizeram “algo ruim”
A testemunha também destacou que não “resta dúvida” de que ele e outros homens fizeram “algo ruim” com o barco em que o indigenista e o jornalista estavam, segundo a Reuters.
A história bate com o que já se sabia, que Pelado e comparsas foram vistos por ribeirinhos trafegando em uma lancha, em alta velocidade, logo atrás da embarcação dos dois desaparecidos.