Após ter a quebra de sigilo bancário suspensa, o filho 01 do presidente Jair Bolsonaro, Flávio, está ostentando os milhões. Recentemente, o senador do Republicanos comprou uma mansão por R$ 5,97 milhões em um bairro nobre de Brasília. Segundo o jornal O Antagonista, o casarão no Lago Sul tem área total de 2,4 mil metros quadrados.
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Cercado por acusações de corrupção — como lavagens de dinheiro, movimentações atípicas de dinheiro, comando de esquema de rachadinhas e até envolvimento com milícias —, não surpreende que a aquisição da nova propriedade venha recheada de incoerências e polêmicas.
O Socialismo Criativo faz questão de compilar tudo sobre o caso: Confira:
Incoerência nº1
Após a compra ter repercutido nos jornais, Flávio Bolsonaro tentou abafar o caso afirmando que vendeu seu imóvel no Rio de Janeiro para arcar com parte dos R$ 6 milhões necessários. No entanto, de acordo com informações do Uol, os dois imóveis do senador na capital carioca seguem em seu nome e de sua mulher, a dentista Fernanda Bolsonaro.
O senador possui dois imóveis no Rio de Janeiro. O principal deles é um apartamento que fica de frente para a praia da Barra da Tijuca, a cerca de 600 metros do condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro e seu irmão, Carlos, possuem residência. De acordo com documentos atualizados do registro de imóveis onde o apartamento está registrado, o bem segue no nome de Flávio e Fernanda Bolsonaro. A última anotação é de setembro de 2014, quando o casal financiou o apartamento
Incoerência nº2
Na eleição de 2018, em que se elegeu senador, o senador declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 1,74 milhão, quase 4 vezes menor que o valor de compra da mansão.
Com o cargo no Congresso, o seu salário bruto é de R$ 33.763. Com os descontos, o valor cai para R$ 25 mil, que corresponde a 0,41% do valor da mansão. Simulações de crédito feitas junto ao Banco de Brasília (BRB) apontam que, para conseguir o financiamento que o senador obteve, seria necessário ter um rendimento mensal bem superior ao seu salário parlamentar.
Incoerência nº3
As condições do financiamento do imóvel de Flávio financiado no Banco de Brasília (BRB), no valor de R$ 3,1 milhões, são vantajosas na comparação com simuladores de outras instituições financeiras. A título de exemplo, em outro banco, ele obteria uma taxa mínima de 5,39% ao ano. Para financiar R$ 3,1 milhões, teria de arcar com uma parcela inicial de R$ 23.222,93, considerando valor do imóvel, entrada, idade do senador, seguros e taxa de administração. Isso consumiria quase todo o ganho líquido de Flávio, de R$ 24,9 mil em fevereiro.
De acordo com o simulador do BRB, com uma renda mínima acima de R$ 46 mil, um financiamento de R$ 3,1 milhões teria prestações iniciais acima de R$ 18 mil, o que representa mais de 70% da remuneração líquida mensal do senador.
Incoerência nº4
A aquisição do imóvel foi noticiada no mesmo dia em que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) retirou da pauta recursos da defesa de Flávio que podem anular toda a investigação sobre as “rachadinhas” na Alerj. Ele é acusado de comandar esquema que teria desviado R$ 6,1 milhões.
Loucura?
A compra da mansão despertou críticas entre diversos aliados de Jair Bolsonaro, inclusive dentro do Planalto. De acordo com o jornal O Globo, em um primeiro momento, eles chegaram a duvidar da compra, dizendo que o senador não seria “maluco” de fazer algo do tipo.
Confirmada a “loucura”, a avaliação de auxiliares do presidente é de que a atitude do senador expõe não só a si próprio, por ser alvo de uma denúncia no caso das rachadinhas, mas o próprio pai. Para aliados do governo, Flávio escolheu “o pior momento” para adquirir o imóvel, pois o fato dará mais visibilidade ao clã enquanto a família tenta reverter a situação do primogênito na Justiça.