Um grupo de deputados de esquerda esteve reunido esta semana com a relatora da CPMI das Fake News, Lídice da Mata (PSB-BA), para sondar a possibilidade de lançar o nome da deputada na disputa pelo comando da Câmara. Preocupada com a unidade das forças de resistência a Jair Bolsonaro (sem partido), no entanto, Lídice reforçou em nota divulgada na noite desta quarta-feira (16), que confia decisão de seu partido.
“Muito me honra a lembrança dos companheiros que colocaram o meu nome como candidata à presidência da Câmara, mas reitero que o assunto está sendo muito bem conduzido pelo nosso líder Alessandro Molon (PSB-RJ) e pelo Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira. Meu pensamento é o de unirmos esforços para impor uma derrota na Câmara ao governo de Jair Bolsonaro”, escreveu em sua conta no Twitter.
Disputa na Câmara
Após o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir, no último domingo (6), que os atuais presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente, não poderiam se candidatar à reeleição para os postos em 2021, o cargo se tornou assunto central no Congresso. As eleições estão previstas para serem realizadas em fevereiro do próximo ano.
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Atualmente, a Bancada Federal do PSB conta com 31 integrantes. Na última sexta-feira (11), diante de especulações sobre o candidato que seria apoiado pela sigla, o Diretório Nacional da legenda aprovou a Resolução nº 001/2020. Nela, a Bancada é orientada a não votar no líder do centrão e candidato alinhado às pautas do presidente, deputado Arthur Lira (PP-AL), ou em qualquer outro candidato apoiado pelo Planalto. O placar da decisão foi unânime, com 80 votos favoráveis ao veto.
Nos bastidores, a deliberação foi vista como fundamental para definir o comportamento da esquerda, já que com a falta de apoio do PSB, a formação de um bloco de apoio a Lira se tornaria inviável.
Unidade na Esquerda
Com 51 parlamentares, o PT também discutiu na noite desta última quarta-feira (16) seu apoio na sucessão. Petistas definiram que não apoiarão Arthur Lira e que devem seguir o bloco liderado por Maia, mesmo sem candidato ainda definido.
Sem citar o nome de Lira, a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) fez o anúncio em uma postagem no Twitter.
“O PT não comporá bloco para a mesa da Câmara com candidatura apoiada por Bolsonaro. Junto com a oposição construirá alternativa de bloco em defesa da democracia e uma candidatura que represente e debata um programa e uma agenda para derrotar Bolsonaro e tirar o país da crise”, disse.
Representantes dos partidos que vêm dando apoio a Rodrigo Maia, incluindo o líder do PSB, Alessandro Molon, participaram de uma série de reuniões nos últimos dias. Na segunda (14), o encontro ocorreu na oficial do presidente da Câmara. A esquerda é vista como fiel da balança nesta eleição, e Maia quer se certificar de qual nome tem capacidade de angariar mais votos no segmento.
Entre os nomes cotados a receber o apoio de Maia estão o de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA), Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcos Pereira (Republicanos-SP), mas ele não descartou a inclusão de um representante da esquerda em sua lista, do PSB e do PDT.