Em passagem por São Luís (MA) para cumprir evento de campanha nesta sexta-feira (2), o ex-presidente Lula (PT) fez um aceno ao eleitorado cristão e citou as acusações de corrupção que Jair Bolsonaro (PL) vem sendo cobrado. Estavam presentes ainda o ex-governador Flávio Dino (PSB) e o governador Carlos Brandão (PSB).
Lula rebateu fake news difundida por algumas lideranças políticas, de que ele perseguiria segmentos religiosos e lembrou que em seu governo foram criadas a Lei de Liberdade Religiosa, o Dia do Evangélico e a Marcha para Jesus.
“Eu acho que o meu Deus não é o Deus do Bolsonaro. O dele é outra coisa, porque ele sabe que não se pode falar o nome de Deus em vão. E ele fala todo dia. E quando ele falar, olhe nos olhos dele. Porque a gente aprende se a pessoa está mentindo não é pela boca, é pelos olhos. E ele mente cada vez que abre a boca“, disse o ex-presidente.
Em solo maranhense, ao ser questionado sobre denúncia de compra de imóveis pela família do presidente Jair Bolsonaro, Lula falou abertamente sobre o caso.
“Não pensem que eu me ofendo quando ele me chama de presidiário. Eu sou o único cara que sou condenado porque sou inocente. O que aconteceu é que a imprensa foi enganada pelo Ministério Público da força-tarefa. Foi enganada pelo [ex-juiz Sérgio] Moro“, disse.
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O entorno de Lula vem o orientando a rebater as críticas de Bolsonaro, que no debate da Band explorou essa pauta na primeira pergunta que fez ao petista. Situação essa reforçada com a pesquisa Datafolha desta quinta, onde houve leve crescimento de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).
Dino relembra gestão da Covid
Candidato ao Senado Federal e segundo pesquisas pontuando em 51%, o ex-governador Flávio Dino (PSB) brincou com Lula ao relembrar que em 2018 o Maranhão deu a segunda maior votação a Haddad, 78%, atrás apenas do Piauí com 81%. “Este ano nós daremos mais”, proclamou.
Visivelmente emocionado, Dino lembrou dos desafios da pandemia de Covid-19 e comentou sobre a mortalidade do Maranhão, a menor do Brasil para o coronavírus.
“Deus sabe que eu me dediquei a esse governo de corpo e alma. Deus sabe o que custou cada dia e cada noite neste governo lutando contra a pandemia. Lutando para proteger a vida do povo do Maranhão. E fazendo com que nós tivéssemos a menor mortalidade por coronavírus de todo o Brasil“, disse Dino, que ao final pediu uma salva de palmas aos profissionais da saúde maranhenses.
Dino também explorou a pauta de corrupção que permeia o clã Bolsonaro e disse que a gestão do mandatário é a mais corrupta da história.
“O governo mais corrupto da história brasileira é o governo liderado por Jair Bolsonaro, o governo do orçamento secreto“, decretou. “Nunca se roubou tanto dinheiro federal no Brasil como nesses anos trágicos“, disse, em referência ao orçamento secreto comandado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.
“O Lula responde a 26 processos e só teve uma condenação e proferida por alguém que era um político disfarçado de juiz chamado Sérgio Moro e essa condenação não existe mais porque o Supremo anulou e Lula é inocente“, finalizou Dino.
Carlos Brandão fala em justiça
Candidato ao governo maranhense, Carlos Brandão (PSB) sublinhou que a volta de Lula à presidência seria uma forma de conceder justiça aos mais de 500 dias em que Lula ficou preso. “E o povo do Maranhão saberá reconhecer isso“, afirmou.
“A política é um aprendizado de lutar por aqueles que mais precisam“, defendeu Brandão ao fazer uma prestação de contas do governo de Flávio Dino, no qual ele sucedeu. “Foram mais de 28 hospitais com UTI e hemodiálise pro interior. Levantamos policlínicas. Levamos escolas dignas e criamos escolas técnicas“, relembrou. “E vou construir ainda mais para que nosso povo possa ter oportunidades de trabalho“.
Lula prometeu nas primeiras semanas de governo reunir os 27 governadores, independente de partido, para delimitar os projetos estratégicos de crescimento no país.
Ao final deixou a entender que Flávio Dino ficaria pouco tempo no Senado pois teria outras tarefas para ele. Nos bastidores de Brasília já foi ventilada a possibilidade de Dino assumir o Ministério da Justiça em eventual governo petista.
“Esse Flávio Dino, ele que se prepare. Ele vai ser eleito senador, mas ele não será senador por muito tempo. Se prepare porque vai ter muita tarefa nesse país“, afirmou Lula.