Uma rede que criava e disseminava fake news sobre a Amazônia comandada por dois militares do Exército brasileiro foi derrubada pela Meta, dona do Facbeook e do Instagram.
O relatório foi produzido pela Graphika, empresa de inteligência artificial, a partir de dados fornecidos pelo Facekook.
“Embora as pessoas por trás tentassem esconder suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou vínculos com indivíduos associados ao Exército Brasileiro”, diz a Meta. Os relatórios também não dizem se a dupla agiu sozinha ou a mando de alguém.
De acordo com a BBC, os militares operavam quatro perfis e 9 páginas no Facebook, além de 39 perfis no Instagram. As investigações indicam que alguns desses usavam fotos criadas por inteligência artificial.
No início, a rede publicava críticas à atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia da covid-19. Depois, se voltou para temas ambientais.
“O grupo promoveu uma narrativa central sobre a necessidade de proteger a floresta e sua biodiversidade, frequentemente elogiando os esforços do governo para combater o desmatamento […] Em geral, NaturAmazon só postava estatísticas e notícias sobre o desmatamento que retratavam o governo brasileiro e os militares de forma positiva”, diz o documento.
Leia também: Advogado de Bolsonaro libera na Justiça madeira apreendida no caso Salles
Entre os nomes usados para disseminar as fakes news estão “NaturAmazon”, “Amazônia Sustentável”, “Verde Mais” e “O Fiscal das ONGs”.
Uma das estratégias era divulgar críticas a organizações ambientalistas e de direitos humanos em determinados perfis e elogios à política ambiental de Bolsonaro, em outros.
O perfil “O Fiscal das ONGs”, por exemplo, fazia acusações contra membros de organizações na tentativa de “minar” a credibilidade dessas instituições, com o documento.
Endereços falsos
O relatório cruzou as informações fornecidas pelas plataformas com os dados do Portal da Transparência para chegar aos dois militares que operavam a rede.
Além disso, constaram que dois dos perfis indicam endereços falsos em seus contatos. No perfil da NaturAmazon, encontraram uma petshop em Manaus.
No da Amazônia Sustentável, o endereço informado era o da sede da ONG Greenpeace, em São Paulo.
Cortina de fumaça
A rede passou a atuar na mesma época em que Bolsonaro e o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles
A segunda fase de atuação dos perfis falsos teve início em junho de 2021, mesmo mês em que Salles foi obrigado a deixar o governo em meio a denúncias de que teria dificultado as investigações da maior apreensão de madeira ilegal realizada pela Polícia Federal no país.
Salles também é alvo de investigação por ter supostamente participado de esquema de exportação de madeira ilegal para Europa e Estados Unidos. Ele teve seus sigilos quebrados, foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, e chegou a ser proibido de deixar o Brasil.
Exército nega envolvimento
Em nota, o Exército negou qualquer relação com a rede de desinformação e afirmou que entrou em contato com a Meta para verificar a possibilidade de ter acesso aos dados dos dois militares.
“cabe ressaltar que a Instituição requer de seus profissionais o cumprimento de deveres militares, tais como o culto à verdade, a probidade e a honestidade”, finaliza o Exército.
Com informações da Folha e Estadão