O presidente Jair Bolsonaro acatou boa parte da lista de novos nomes para o Conselho Nacional de Educação (CNE) deixada por Abraham Weintraub, com pessoas ligadas ao ideólogo terraplanista Olavo de Carvalho. A indicação é vista como uma forma de apaziguar o ânimo dos olavistas, após o grupo não emplacar o novo ministro da Educação.
O CNE tem mandatos de quatro anos e o impacto de suas medidas, segundo especialistas, pode ser ainda maior na educação. Com as novas 10 indicações, praticamente metade do conselho será mudada – há 24 cadeiras, mas dois membros vêm do MEC. A ideia inicial era de que os conselheiros sejam integrantes da sociedade civil, especialistas em educação, que avaliam e normatizam as políticas educacionais nacionais.
Entre os atuais membros estão Mozart Neves, ex-diretor do Instituto Ayrton Senna, e Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária executiva do MEC no governo Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer. As indicações trouxeram um clima de desolação e revolta no órgão.
“O CNE é um órgão de Estado e não de um governo”, disse nota conjunta dos representantes dos secretários (Consed e Undime) que repudia “os critérios usados pelo governo para nova composição do CNE”.
Novos indicados
A nova lista tem nomes indicados pelo atual secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, também ligado a Olavo de Carvalho. Entre eles, Tiago Tondinelli, que foi chefe de gabinete do ex-ministro de Bolsonaro Ricardo Vélez e tirado do cargo durante disputa no ministério entre olavistas e militares.
Tondinelli é advogado e professor de Filosofia, especialista em Filosofia Medieval. Nunca trabalhou com educação pública. Wiliam Ferreira da Cunha, também indicado ao CNE, é atualmente assessor de Nadalim. Outro ligado aos olavistas é Gabriel Giannattasio, também professor no Paraná.
Outro nomeado foi o pesquisador Augusto Buchweitz. Formado em Letras e Psicologia, e estuda a forma como as crianças aprendem a ler e prioriza o aprendizado fônico e despreza o construtivismo.
Também indicado, Fernando César Capovilla, do Instituto de Psicologia da USP, ajudou na elaboração da política atual de alfabetização do MEC.
“Fica claro que o governo quer fazer a agenda dele da educação pelo CNE, como homeschooling, escola militar“, diz Mozart Neves.
Com informações do Estadão.