
O 7 de Setembro, que este ano celebra o bicentenário da Independência do Brasil, foi usado por Jair Bolsonaro (PL), como palanque político onde defendeu a pauta conservadora. Ele, porém, está isolado. Seu ato foi marcado pela ausência dos chefes dos demais Poderes.
Após o desfile das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, Bolsonaro fez um discurso delirante em que falou de um Brasil livre da corrupção, ignorando toda a lama em que ele, sua família e pessoas próximas estão afundadas.
Falou em suposto “recorde de criação de empregos”, que tem o preço da gasolina entre “mais baratas do mundo”, entre outros disparates. Ele também incitou seus apoiadores contra o Senado e o Supremo.
Ele também falou aos seus apoiadores sobre a pauta conservadora, que o Brasil “é uma pátria majoritariamente cristão”, como ser contra o aborto, a legalização das drogas e também suposta “ideologia de gênero”.
Usou a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que resistiu o quanto pôde a participar da campanha do marido, para novos absurdos e grosserias contra as mulheres, como “até as primeiras-damas são incomparáveis”, em uma fala absurdamente machista.
Em mais uma demonstração da falta de bom senso mínimo, classificou a si mesmo de “imbrochável” e incitou a multidão a fazer coro ao seu machismo ao final de sua referência à participação de Michelle em sua vida. Em plena celebração do bicentenário da Independência.
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E, diante da iminente derrota nas urnas, conforme mostram todas as pesquisas eleitorais, se referiu ao ex-presidente Lula (PT) e disse que o “mal não voltará a cena do crime”.
Isolamento
Bolsonaro estava sozinho em relação aos demais Poderes. Apesar de terem sido convidados, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, foram convidados para a cerimônia, mas não compareceram.
Nem mesmo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PL-AL), que costuma aparecer ao lado de Bolsonaro compareceu ao desfile.
Delírios golpistas em cerimônia restrita
Antes do desfile Bolsonaro falou sobre o golpe militar de 1964, incitou seus apoiadores contra a democracia, fez suas ilações delirantes sobre o inexistente comunismo e usou o ato que deveria ser de Estado como palco eleitoral.
“Quero dizer que o brasileiro passou por momentos difíceis, a história nos mostra. 22, 35 [Intentona Comunista], 16, 18 e agora, 22. A história pode repetir. O bem sempre venceu o mal”, disse no Planalto, antes de sair para o desfile militar.
Bolsonaristas pedem golpe
Muitos apoiadores de Jair Bolsonaro que foram à Esplanada dos Ministérios seguraram faixas em que pediam por um golpe de Estado.
Alguns pediam prisões de ministros do STF, especialmente, Alexandre de Morares, que está ainda na presidência do Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
Outros pediam o fechamento do Congresso e parecem desconhecer como Bolsonaro se relaciona com o centrão, que tem grande participação em seu governo.
Crise com governador bolsonarista do DF
Em seus delírios golpistas, Bolsonaro tentou usar o Exército para passar por cima do bloqueio feito pela Polícia Militar do Distrito Federal para impedir o acesso de caminhoneiros bolsonaristas que pretendiam tomar a Esplanada dos Ministérios.
Muito embora seja bolsonarista, a atitude do atual ocupante do Planalto irritou Ibaneis Rocha, governador do DF, que desafiou Bolsonaro.
Ao Congresso em Foco, Ibaneis afirmou no mesmo tom que Bolsonaro costuma usar que “quem manda na segurança do Distrito Federal sou eu”.