Pelo terceiro dia consecutivo, o Brasil registrou mais de 2 mil mortes em 24 horas decorrentes da Covid-19. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o total de óbitos ocorridos desde as 16h de quinta-feira (11) até às 16h de desta sexta-feira (12) foi de 2.216, 17 a menos que no período anterior. Ao todo, o país já soma 275.105 óbitos em decorrência do coronavirus.
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As informações são repassadas diariamente pelas secretarias de Saúde dos estados que também divulgaram um total de 85.663 novos casos de infecção pela doença de ontem para hoje, com um total acumulado de mais de 11 milhões.
Pior momento
As médias de mortes ocorridas nos últimos meses também revelam outro dado avassalador. De acordo com o levantamento realizado a partir das secretarias de Saúde, pelo consórcio de veículos de imprensa, há 50 dias o Brasil registra média diária de mais de mil mortos. Além disso, já é o 10º dia consecutivo em que o número de mortes em 24 horas segue acima de mil.
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Com a alta de óbitos e novos casos, uma campanha de vacinação ainda lenta para a capacidade do sistema de saúde brasileiro e a falta de empatia do presidente e seus aliados, que insistem em minimizar e ridicularizar as mortes ocorridas, o Brasil já é considerado o “novo epicentro da Covid-19” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) lamentou o número de mortes e relembrou uma fala do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, recordando que o chefe da pasta chamou de “ansiedade” a cobrança da população e parlamentares por mais agilidade na aquisição de vacinas.
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“2.216 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas.
‘Para que essa ansiedade, essa angústia?’. Lembram quando Pazuello deu essa declaração, em dezembro, em resposta à pressão por vacinas?”, criticou o deputado
Elias Vaz (PSB-GO) se mostrou indignado com o que chamou de “incompetência do governo”. O deputado socialista ressaltou o triste fato do Brasil registrar tantas mortes diárias e cobrou vacinas.
“Se o Brasil tivesse começado a vacinar no ano passado e em maior volume, milhares de brasileiros seriam poupados. A INCOMPETÊNCIA desse governo custa vidas. Somos hoje o país com maior média de mortes por dia em todo o mundo. #VacinaJá“, declarou.
Vacinação poderia ter salvo 532 vidas
Um cálculo realizado pela revista Veja concluiu que, caso o Brasil vacinasse 1 milhão de pessoas por dia – sua capacidade inicial de imunização – o número de óbitos seria 24% menor, o que corresponderia a 532 vidas salvas apenas nas últimas 24 horas.
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A conta utilizou como parâmetro os resultados obtidos em Israel, que iniciou a vacinação em 20 de dezembro com o imunizante produzido pela Pfizer. O país possui população 24 vezes menor que a brasileira e aplica, aproximadamente, 110 mil doses da vacina por dia, o que reduziu a quantidade de mortes em 65%. Para atingir esse percentual, o Brasil precisaria vacinar 2,5 milhões de pessoas/dia.
De acordo com Salmo Raskin, geneticista da Sociedade Brasileira de Genética Médica que falou à revista, o problema do Brasil não se restringe à demora na vacina, mas também tem relação com o comportamento. “Em Israel houve incentivo constante para que as pessoas aceitem a vacinação, o que não ocorreu no Brasil”, disse ele. Além disso, Israel também realizou um rigoroso lockdown e cumpre, efetivamente, as medidas de isolamento social.