Na noite do domingo (31), a Comissão Executiva Nacional do Democratas decidiu deixar o bloco de apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara dos Deputados e liberar parlamentares para definirem seus votos. Com a deliberação, o PSDB também optou manter-se neutro e não declarar apoio formal a nenhum candidato.
O abandono conjunto do grupo pró-Baleia imediatamente reacendeu a possibilidade de que o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acatará um ou mais pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido), como seu último ato no cargo.
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A debandada do DEM, partido de Maia, e do PSDB, em meio a denúncias de compra de votos do governo Bolsonaro para favorecer seu candidato, deputado Arthur Lira (PP-AL), sinalizam uma enorme derrota de Rossi, e reacendem a polêmica de distribuição de cargos e vantagens oferecidas pelo Planalto em troca de apoio. Acontece, ainda, no mesmo dia em que protestos realizados no Brasil e no mundo reforçam o pedido de afastamento do mandatário brasileiro.
As bancadas do DEM e PSDB reúnem 31 deputados cada uma e significam 62 votos na disputa pelo comando da Câmara e dos sete cargos da Mesa Diretora.
Nos bastidores, a expectativa é sobre se Rodrigo Maia abrirá sessão nesta segunda-feira (1º) para anunciar o aceite de uma ou mais denúncias contra Bolsonaro. Com todas as prerrogativas de presidente até a assunção do novo eleito, cabe a Maia decidir pela abertura ou não dos pedidos. Uma vez assinado, o processo de impeachment precisa ser analisado por uma comissão especial e ser votado em Plenário. Os encaminhamentos posteriores serão dados pelo novo presidente.
‘Houve e há chance de ruptura institucional’, diz Maia
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo neste domingo, Maia alertou para o iminente risco de retrocesso democrático no país e afirmou que há chance de uma ruptura institucional no Brasil. Sob ameaça de sofrer a primeira derrota para o Centrão desde que sucedeu Eduardo Cunha (2015-2016) na presidência da Câmara, Maia encerra nesta segunda-feira (1º) quatro anos, seis meses e 19 dias de comando da Casa.
“Houve e há uma chance de ruptura institucional. A eleição da Câmara é um divisor de águas nesse assunto. Acho que o presidente da Câmara precisa ser alguém que não seja dependente do governo e que não deva sua eleição ao presidente da República. Com isso, o presidente [Jair Bolsonaro] se sentirá forte o suficiente para ampliar o conflito com as instituições democráticas, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal”, disse Maia ao jornal.