Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados até tentaram ser discretos. Mas um encontro promovido na casa do empresário Fernando Marques, dono da farmacêutica União Química, com investigados pela Polícia Federal (PF) e lobistas para arrecadar dinheiro de empresários para a campanha bolsonarista, não passou despercebido. A doação de empresas para campanhas políticas é proibida por lei.
Porém, matéria do Estadão revelou que no sábado (21), a casa do empresário, que fica na Península dos Ministros, em Brasília, foi palco do ato político que contou com cerca de 100 pessoas e a presença do próprio Bolsonaro, além de outros convidados investigados pela PF nas operações Sanguessuga e Desolata.
O almoço teve como um dos organizadores o ex-senador Cidinho Santos (UB). O convite, de acordo com a reportagem, foi enviado pelo WhatsApp e, segundo afirmaram os organizadores, é o primeiro de uma série de eventos voltados para ruralistas para arrecadar dinheiro para a campanha de Bolsonaro.
Nas mensagens também afirmaram que seria um evento “discreto”, “sem divulgação de mídia” e com “pessoas de confiança”.
“O objetivo é que esse grupo se espalhe para os 27 Estados para ajudar na campanha”, dizia a mensagem, obtida pelo Estadão.
Ficha
Durante o evento, Cidinho Santos discursou ao lado de Bolsonaro. O ex-senador foi condenado, em 2019, pela Justiça Federal, em Cuiabá, por “inflacionar” equipamentos hospitalares quando era prefeito de Nova Marilândia (MT). Ele foi alvo da Operação Sanguessuga da PF.
O processo está parado após ele recorrer ao Tribunal Regional Federal e a Procuradoria da República da 1.ª Região emitir parecer pela anulação da sentença.
O presidente o PL de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, também participou do encontro, assim como a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (Progressistas-MS), também conhecida como ‘Rainha do Veneno’, e o secretário de Governo de Bolsonaro, Célio Faria Júnior, que fez parte da organização do evento e deixou o ato de fora da agenda oficial do atual ocupante do Palácio do Planalto.
Outro alvo da PF que participou do evento é Valdinei Mauro de Souza, o Nei Garimpeiro. Ele é alvo da Operação Desolata por garimpo ilegal, em Poconé (MT).
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Já Maurício Tonhá, que caiu em uma investigação da Receita e foi citado na Lava Jato por vender bois para o doleiro Alberto Youssef.
De volta à disputa
O cicerone, Fernando Marques, foi candidato ao Senado, em 2018. Ele foi o candidato com maior patrimônio declarado entre os candidatos à época – R$ 667 milhões. De acordo com o Estadão, ele responde na Justiça por uma dívida por impressão de santinhos eleitorais.
A União Química, farmacêutica de Fernando Marques, tentou importar a vacina russa Sputnik, contra covid-19, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autorizou “por falta de dados consistentes e confiáveis” sobre o imunizante.
Agora, o empresário quer voltar à disputa e pretende ser o suplente de Damares Alves na eleição para o Senado.