Sob pressão e sofrendo ameaças desde que revelou um suposto esquema de corrupção do governo Jair Bolsonaro (sem partido) na compra de vacinas contra a Covid-19, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) anunciou que prepara um dossiê com “fatos irrefutáveis” que comprovam os crimes no Ministério da Saúde.
Na madrugada desta desta quinta-feira (1º), Miranda comentou sobre o dossiê que está preparando. “As mentiras só me fizeram investigar ainda mais as corrupções do Ministério da Saúde”, escreveu.
Em entrevista à revista Crusoé na terça-feira (29), Miranda diz que recebeu oferta de propina milionária para parar de atrapalhar a compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Corrupção na aquisição da Covaxin
Segundo o deputado, no dia 31 de março, ou seja, 11 dias depois de ter se reunido com Bolsonaro, junto com o irmão, Luis Ricardo Miranda, para alertar o presidente dos indícios de irregularidades no processo de aquisição da vacina indiana, ele foi convidado por um conhecido lobista de Brasília para participar de uma reunião em uma mansão no Lago Sul, em Brasília.
Figura conhecida da Polícia Federal (PF) por envolvimento em esquemas de corrupção e homem de confiança do líder do governo Bolsonaro, Ricardo Barros (PP-PR), Silvio Assis queria conversar pessoalmente com Miranda, que aceitou o convite.
Assis teria dito que nada poderia dar errado na compra da Covaxin e tentou fazer de Miranda aliado. Pediu para o deputado interceder junto ao irmão do Ministério da Saúde, para que ele não criasse problemas para o negócio.
Em maio, pouco mais de um mês depois da primeira reunião, ocorreu novo encontro, no mesmo local. Desta vez, Silvio Assis estaria com o próprio Ricardo Barros.
Desta vez, a conversa envolveu valores. Assis, em nome de Barros, teria prometido a Luís Miranda uma participação sobre cada dose da vacina vendida ao Ministério da Saúde: 6 centavos de dólar. Caso aceitasse, poderia ganhar 1,2 milhão de dólares, o equivalente a 6 milhões de reais.
1 dólar de propina por dose de vacina
O servidor do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, apontado pelo representante comercial da empresa Davati Medical Supply Luiz Paulo Dominguetti como cobrador de propina em contratos de venda de vacinas contra a Covid-19, negou qualquer envolvimento no esquema.
“É importante frisar que, ao contrário do que é alegado pelo Dominguetti, o tema propina, pedido de dinheiro, facilitação… nunca foi tratado à mesa ou em qualquer outro ambiente em que eu estive presente”, disse Dias, em nota divulgada nesta quinta-feira (1), segundo o Antagonista.
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O ex-diretor do Departamento de Logística (Delog) da pasta afirmou que diversas propostas foram consideradas, mas que a oferta da Davati, de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, era “extremamente improvável”.
Dias questionou ainda se foi “usado de fantoche”: “Porém, preciso saber qual a motivação desse senhor para nesse momento vir contar essa história absurda. Quem ele quer atingir ou proteger? Estou sendo usado de fantoche para algo?”.
De acordo com o jornal O Globo, o foco do governo Bolsonaro é afirmar que todas as denúncias envolvendo Dias e outras autoridades próximas do presidente sejam investigadas.
Com informações da Revista Fórum e Brasil 247