O pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Márcio França, garantiu que sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes é um fato e que ele vai disputar as eleições de outubro. A prioridade, reafirma, é derrotar Jair Bolsonaro (PL) nas urnas. Ele participou de sabatina promovida pela Folha e UOL, nesta segunda-feira (2).
“Hoje o que temos em discussão é democracia e não democracia. Eu vou ficar do lado da democracia”, garantiu.
E lembra que foi justamente isso o que motivou a articulação que fez para levar Geraldo Alckmin para o PSB.
O ex-governador paulista propôs, inclusive, que a viabilidade eleitoral seja o fator determinante para a definição da candidatura da esquerda no estado entre ele e Fernando Haddad (PT).
A última pesquisa DataFolha mostra França bem colocado na disputa, com 20% das intenções de voto.
Também conta em favor do socialista o melhor trânsito que ele tem em setores fora da esquerda.
“Quanto mais amplo ao centro o candidato, mais chance de buscar o eleitor não típico”, analisa o socialista. “Se não houver acordo, vamos com a candidatura até o fim. Se eles não toparem a [definição por] pesquisa, nós teremos duas candidaturas”.
Segurança Pública
Durante a sabatina, França reforçou a necessidade das câmeras de segurança nos uniformes dos policiais militares no estado.
Porém, destacou que é importante respeitar a privacidade dos policiais que não podem ser gravados por 12 horas ininterruptas.
“A câmara vai ser acionada apenas quando os policiais estão em ação”, afirma ao lembrar que da forma como está, os agentes sequer têm privacidade para ir ao banheiro sem serem gravados.
Ele defendeu também a valorização dos policiais, que precisam fazer trabalhos extras para complementar a renda.
“O índice de suicídio [dos policiais] aumentou 10 vezes”, ressaltou.
E observou que a sequência de erros na gestão tem feito com que toda a população seja prejudica.
“É inacreditável que todos os índices de segurança voltaram a subir”, critica.
Cracolândia e moradores de rua
Márcio França também afirma ser possível resolver o problema da cracolândia. Problema que deve ser tratado sob a perspectiva de saúde pública.
“Dois anos para não existir mais a cracolândia. Evidentemente, que não tem nada a ver com polícia. É caso de tratamento médico. As pessoas são doentes. […] Precisa ter atuação de saúde pública”, garante França.
Sobre os moradores de rua, o socialista lembra que existem moradias vagas e outros tipos de habitações em São Paulo que podem ajudar a solucionar o problema.
E lembra que os albergues funcionam apenas para situações emergenciais e temporárias porque “as pessoas precisam ter o seu espaço.”
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“Em um ano não haverá mais pessoas morando nas ruas. O que acontece em São Paulo hoje é o cúmulo do capitalismo cruel. Da gente ter 60 mil pessoas morando em barraquinhas e todo mundo fingindo que não tá vendo. Eu to vendo. E vamos tirar essas pessoas para mudarem para residências, hotéis, pensões. A gente não pode se acostumar com o que está errado”, defendeu.
Educação
Durante os oito meses em que esteve como governador, lembrou que foram criadas 50 mil vagas em faculdade sem aumentar o custo, com a ampliação da Univesp. E pretende ampliar para 200 mil vagas.
“Todos os jovens que saírem do ensino médio terão vaga na faculdade sem vestibular”, disse.
Covid-19
França criticou também a trágica gestão da pandemia em São Paulo.
“O que foi feito na pandemia foi um erro. O início das compras das vacinas foi correta. Mas em três anos, vários países desenvolveram duas, três vacinas”, lembrou.
Reforça que o fechamento pleno do comércio e das escolas deveria ter sido feito no começo da pandemia. Assim como o controle da entrada de estrangeiros no Brasil, com o cumprimento de quarentena, a partir do Aeroporto de Cumbica.
“Depois fez rodízio de veículos empurrando mais pessoas para o transporte público. Redução de impostos também era fundamental naquele período. Eles erraram em tudo. Foi um absurdo. A redução de impostos durante a pandemia era uma medida essencial. Doria mandou fechar o comércio, mas os comerciantes não tiveram nenhum benefício ou isenção e 100 mil comerciantes fecharam as portas na pandemia”, ressaltou.
Confira a íntegra da entrevista