
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), elevou o tom das críticas direcionadas à postura negacionista em relação a pandemia de Covid-19. Embora tenha evitado citar nominalmente presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o senador afirmou nessa segunda-feira (22) que “o negacionismo passou a ser uma brincadeira de mau gosto, macabra e medieval”.
“Há dois caminhos que podemos seguir na pandemia. É o caminho da união nacional e o caminho do caos nacional. Cabe a nós, responsavelmente, com amor ao Brasil, escolhermos o melhor caminho”, afirmou.
A afirmação foi feita durante agenda na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
“Quero dizer e valorizar o povo brasileiro, que está pacífico, que está resiliente e está aguardando ansiosamente a solução dos governadores e dos políticos para os problemas do nosso país. Destaque maior nesse enfrentamento da pandemia, que é básico para o estado democrático de direito, é a manifestação do povo, pacífico, ordeiro, obediente às recomendações sanitárias de isolamento”, disse. “Não será uma minoria desordeira e negacionista que fará pautar o povo brasileiro e o Brasil nesse momento que nós precisamos de união”, completou.
No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que ‘o Brasil vem dando exemplo’ e ‘estamos dando certo’, minimizando as mais de 295 mil mortes e as 12 milhões de pessoas infectadas pela Covid-19. Situação que tende a piorar nos próximos dias, já que o número de leitos disponíveis está diminuindo e a procura por internação, crescendo.
Pacto entre os Poderes
No mesmo evento, o presidente do Senado defendeu ainda um grande pacto envolvendo o Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF), a Presidência da República, governadores e prefeitos para combater a pandemia.
“Gostaria, em nome desse momento em que vivemos no Brasil, invocar o aspecto humano, a solidariedade, a compaixão, a empatia e é por isso que proponho um grande pacto nacional do presidente da República, Jair Bolsonaro, do presidente da Câmara, Arthur Lira, do Senado Federal, do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, do doutor Augusto Aras, procurador-geral da República, dos governadores de Estado, dos prefeitos municipais”, disse.
Pacheco alertou ainda que a “situação é gravíssima” e é preciso “encontrar os pontos de convergência”. “Não façamos prevalecer o ponto de vista individual sobre o senso comum de urgência e de necessidade de solução destes problemas nacionais que atingem severamente a vida de brasileiros e a economia”, disse o senador.
Renda básica
Analisando a situação econômica do país, sendo afetada principalmente pelo atraso no plano de vacinação, Pacheco defendeu um programa de renda mínima para minimizar os impactos da pandemia.
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“Um programa de renda mínima, de renda cidadão, tem todo o apoio, e vejo esse ambiente no Senado, para que seja instituído no Brasil, e que mescle o valor da assistência com o valor também do estímulo ao trabalho, porque não há programa social melhor no mundo do que a geração de trabalho e emprego para as pessoas”, disse.
O senador disse ainda que irá cobrar do Ministério da Economia ações de socorro, em especial para pequenas e médias empresas, durante o período de crise.
Alinhamento de Pacheco e a CPI da Covid-19
Apesar do discurso criticando os impactos do negacionismo, Pacheco se posicionou contra a CPI da Covid-19, que pretende investigar a conduta do governo federal na pandemia. Segundo o senador, a CPI pode atrapalhar o enfrentamento da crise.
“Eu considero que a Comissão Parlamentar de Inquérito é algo que pode atrapalhar esse momento da busca de soluções do enfrentamento da pandemia. Mas não será isso a principal motivação que fará ler ou não o requerimento da CPI”, afirmou Pacheco.
A declaração, feita durante entrevista à rádio JovemPan, indica um alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro e é a declaração mais objetiva de Pacheco contra a CPI até o momento. Para oferecer uma resposta à pressão que vem sofrendo, diante do avanço da doença no país, o presidente do Senado participa de uma reunião com Bolsonaro na manhã desta quarta-feira (24).
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo